Desde a conturbada eleição de 2014 que o Brasil entrou numa espiral de crise política que parece infinita, afetando a economia e se agravando, agora, com a pandemia. Alguns remontam essa crise a partir das Jornadas de Junho de 2013, com os protestos que tomaram a nação.
O fato é que a reeleição de Dilma Rousseff (PT) e as posturas do candidato derrotado Aécio Neves (PSDB) e do presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB) tornaram o país politicamente instável, afetando a saúde fiscal do governo com as chamadas "pautas bomba". Com o impeachment da presidenta vimos se fortalecer uma força política pluripartidária que começou a se gestar já a partir dos governos Lula (PT), o Centrão. O impeachment foi a grande demonstração de força do Centrão que, dominando o Congresso Nacional, nos coloca numa espécie de semi-parlamentarismo, ou seja, não governa, mas sem ele também ninguém governa.
Não sabemos quem vai vencer dia 30, mas temos certeza de que o Centrão, com ou sem orçamento secreto, continuará dando as cartas no jogo da política nacional, mesmo sem ser o dono do baralho, ou seja, o presidente. Foi assim com Temer (PMDB) e Bolsonaro (PL) e o será no próximo governo. E, somando-se a isso, teremos a polarização extrema-direita x centro-esquerda, que dizimou o centro político e permanecerá, independente de quem vença. Isso é certo. O que será do Brasil, então? Boa pergunta. Claro que o rumo, o norte de para onde o Brasil irá a partir de 2023 saberemos já ao final da noite de domingo. O novo presidente terá a direção e o câmbio nas mãos, mas a embreagem será do Centrão. Será o dono do baralho, embaralhará e cortará, mas não dará as cartas. Todavia, sem ele, não haverá jogo, pois vivemos num regime presidencialista.
O que será do Brasil, então? O Brasil será, em grande parte, o teu voto. Uma parte você já definiu ao manter o Centrão, aquele que dará as cartas. Domingo você determinará quem será o dono do baralho de 2023 a 2026. E isso, tenha certeza, fará toda a diferença para a democracia sob a qual vivemos enquanto cidadãos pelas décadas vindouras.