Com o resultado do primeiro turno a polarização deu o tom bicolor de nosso mapa (imagem acima), pois 91% dos votos válidos foram para os dois candidatos que disputarão o segundo turno da eleição presidencial. Pelos índices que eles obtiveram, o Brasil está e, tudo indica, continuará dividido em 2023. Todavia, uma decisão deve ser tomada para o próximo ano e, dado o antagonismo entre os dois projetos em disputa, cabe a pergunta: Qual é o Brasil que tu queres, cidadão brasileiro?
E isso, no caso, pode significar também saber a resposta para outra pergunta: Qual é o Brasil que tu NÃO queres? Pois se vota por adesão ou reação a alguém, ou seja, naquele que te representa ou se aproxima mais desse e contra aquele que não. E tal ocorrerá igualmente nos estados onde há segundo turno para governador. No Brasil, embora sejam dois candidatos, na prática de seus governos, situados dentro do marco liberal - mesmo que, paradoxalmente, representantes da centro-esquerda e da extrema-direita -, as diferenças entre ambos são por demais conhecidas, seja no campo da defesa da vida, da visão de democracia, da relação entre poderes, do compromisso com o Estado Democrático de Direito, do meio ambiente, da saúde, da educação, da gestão do Estado e da economia. Não vejo necessidade de as explicitar aqui, a fim de subsidiar uma resposta para a pergunta proposta no título. Cada um que o faça por si.
O que parece lógico pensar, dentro do que se viu no primeiro turno, é que cabe agora principalmente aos 9% que optaram por outras candidaturas decidirem o pleito, desde que não se abstenham, anulem ou votem em branco. É bem possível que os brancos e nulos do primeiro turno sigam pelo mesmo caminho no dia 30 e, quanto às abstenções, se ela diminuir, a tendência é que se distribua em conformidade aos percentuais dos adversários, como ensina a Ciência Política. Os que, num ambiente político polarizado, optaram por um dos dois candidatos já no primeiro turno, é pouco provável que invertam o voto. Pouco provável é o que escrevi, o que não descarta a possibilidade de que isso aconteça. Politica não é Matemática, é Ciência Social, inexata e humana. O fato é que as melancias começam a se reacomodar na carroça, com os apoios das lideranças políticas para os dois sendo explicitadas e podendo ou não servir de parâmetro para seus eleitores - só o dia 30 de outubro nos revelará isso.
Como votei em Ciro Gomes no dia 2 faço parte, portanto, dos 9%. Logo, votarei naquele que se aproxima mais do modelo de "Brasil que eu quis" e pelo qual optei no primeiro turno e em reação ao Brasil que eu não quero, levando em conta, sobretudo, a defesa (1) da vida humana como prioridade absoluta, (2) da democracia, (2) do meio ambiente e (4) dos direitos trabalhistas e previdenciários. A vida é feita de escolhas que se dão dentro de possibilidades que se apresentam e o momento da vida nacional, no meu ponto de vista, não permite "a omissão da neutralidade", como disse a senadora Simone Tebet. Mas cada pessoa é, ainda bem, senhor e senhora de si e do seu voto secreto, cabendo-lhe a decisão individual de como proceder. Viva a democracia e o respeito à liberdade de escolha dos cidadãos e cidadãs.
Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.