João Adolfo Guerreiro
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Eu nen ia iscreve pru portau ogi

 

Mas daí pensei: porque não? Aliás, qual a diferença entre escrever porque, porquê, por que e por quê? Quando tu fala não dá pra entender o porque, não ficam mesmo todos iguais? Então quem vai dizer que escrever o porque sempre do mesmo geito, sem observar a grafia da norma culta, é errado, se as pessoas entendem quando tu fala e mesmo quando tu escreve? Aliás, a conjugação certa seria tu falas e tu escreves, mas a língua falada vai reduzindo sílabas e plurais visando rapidez e objetividade. E jeito, quando a gente fala, não dá pra (pra em vez de para, olha e língua diminuindo letras) saber que é com G ou J, né? Então, não dá pra entender se eu escrever jeito ou geito? A comunicação acontece, não é? Então a observância da norma culta não é um pressuposto para a lingua falada e tampouco para o escrever cotidiano ou, até mesmo, literário.

 

Quando o literato escreve uma crônica, tanto faz, do ponto de vista da criação e do entendimento, se observará a norma culta ou não, se utilizará a linguagem coloquial ou formal. Querem ver?

 

1 - Ogi eu nao ia iscreve uma cronica pru portau mas dispois bateu uma vomtadi danada quamdu eu cumversei cun un broter emtrei numas di conpara u geitu qi a gemti fala cun u geitu qi a gemti iscrevi i si quamdu a gemti iscrevi qual e u geitu melior si a gemti for faze cronica

 

2 - Hoje eu não escreveria uma crônica para o Portal, mas depois bateu uma vontade irresistível, após uma breve conversa com um amigo. Fiquei pensando na relação entre a lingua falada e a língua escrita e, em relação a esta última, no tipo de escrita a ser utilizada em textos literários, principalmente em crônicas.

 

Então, deu ou não deu pra entender o que escrevi e qual ideia quis passar no texto 1, mesmo ignorando totalmente a norma culta, seja em grafia, acentuação, pontuação, concordância - observadas no texto 2? O objetivo principal, ou seja, o entendimento da comunicação, foi atingido?

 

Logo, a criação e a comunicação não estão a serviço da norma culta. Ela tem a sua validade, claro, ao uniformizar a língua escrita para fins oficiais e legais, onde é imprescindível visando a clareza. Entretanto, na língua falada e na escrita literária ela é tão somente mais um instrumento a disposição das pessoas.

 

Eu nem escreveria para o Portal hoje. 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 14/09/2022
Alterado em 14/09/2022
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