João Adolfo Guerreiro
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Bicentenário: Brasil, campeão da Taça Independência!

 

Ao contrário do lamentável deserto de eventos cívicos que vimos neste Bicentenário da Independência do Brasil neste 2022, em 1972, no Sesquicentenário da Independência, tivemos até uma minicopa realizada em solo pátrio. Sim, isso mesmo, se você tem mais de 60 anos talvez se recorde da Taça da Independência, mas, se não tem, vou contar essa história agora, nesta crônica.

 

A Taça aconteceu de 11 de junho a 9 de julho de 1972, com 20 seleções participantes, divididas na fase inicial em quatro grupos: A - África, Argentina, Colômbia, Concacaf e França; B - Chile, Equador, Irlanda, Irã e Portugal; C - Bolívia, Iugoslávia, Paraguai, Peru e Venezuela; e D - Brasil, Escócia, Tchecoslováquia, União Soviética e Uruguai. Na fase final, tivemos dois grupos: A - Brasil, Escócia, Iugoslávia e Tchecoslováquia; e B - Argentina, Portugal, União Soviética e Uruguai. Os dois primeiros colocados de cada grupo disputaram as finais: Terceiro lugar - Iugoslávia 4x2 Argentina; Final: Brasil 1x0 Portugal.

 

Pareceu ironia da história, mas a final foi mesmo entre Brasil e Portugal, ou seja, colonizados x colonizadores, com a vitória brasileira ocorrendo via gol de cabeça de Jairzinho aos 44 minutos do segundo tempo (veja o vídeo abaixo), comemorado por 99.138 torcedores no estádio Maracanã, no Rio de Janeiro. Assim, o Brasil confirmou simbolicamente sua Independência no futebol. Pedro, Leopoldina e Bonifácio deviam estar torcendo lá do paraíso.

 

O Brasil entrou em campo com seis jogadores que conquistaram o Tri em 1970, no México. Eis a escalação do time treinado por Zagallo: Leão (1), Zé Maria, Brito, Vantuir (2), Marco Antônio, Clodoaldo, Gérson, Rivelino, Jairzinho, Tostão e Leivinha (3), sendo que entraram ao longo da partida Rodrigues Neto (4) e Dario (5). Portugal veio com Zé Henrique, Artur, Humberto, Messias, Adolfo, Jaime Graça, Toni, Peres, Jordão, Euzébio e Diniz.

 

Eu era muito pequeno em 1972, nem recordava da Taça, possuo apenas vagas lembranças do Sesquicentenário. Esse ano, para não dizer que tivemos apenas os desfiles militares de sempre no Bicentenário, o Museu da Independência foi reaberto após nove anos e trouxeram o coração embalsamado de dom Pedro I para as comemorações. Todavia, muito pouco isso, a efeméride cívica merecia muito mais nesta semana e ao longo do ano, tal qual o foram as comemorações dos 500 anos do Descobrimento e do Sesquicentenário.

 

Lamentável e muito triste isso, ainda mais sabendo que a maioria de nós não estará por aqui nos 250 e nos 300 anos da Independência. Passamos por um momento pequeno de nossa história, que será lembrado por seus desatinos (mortes evitáveis e negacionismo na pandemia) e mediocridade, vista até numa data como essa. O Brasil pode mais, muito mais do que isso que vemos acontecer e não acontecer.

 

Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se e fiquem com Deus.

 

 

Notas:

(1) - Leão, goleiro considerado pela mulherada como o portador das mais belas pernas do futebol brasileiro, foi campeão gaúcho (1980) e brasileiro (1981) pelo Grêmio.

(2) - O zagueiro Vantuir foi bicampeão gaúcho (1979, 1980) e brasileiro (1981) pelo Grêmio.

(3) - O meiocampista Leivinha, craque e goleador do Palmeiras, é tio do volante Lucas Leiva, do Grêmio.

(4) - O lateral Rodrigues Neto foi bicampeão gaúcho (1981, 1982) pelo Internacional.

(5) - Dario, o inesquecível frasista Dadá Maravilha, centroavante goleador e exímio cabeceador, foi campeão gaúcho (1976) e brasileiro (1976) pelo Internacional. Algumas de suas frases: "Três coisas que param no ar: beija-flor, helicóptero e Dadá Maravilha". "Nunca aprendi a jogar futebol, pois perdi muito tempo fazendo gols." "Quando eu saltava o zagueiro conseguia ver o número da minha chuteira." "Chuto tão mal que no dia em que eu fizer um gol de fora da área, o goleiro tem que ser eliminado do futebol." "Só existem três poderes no universo: Deus no Céu, o Papa no Vaticano e Dadá na grande área." "Num time de futebol há nove posições e duas profissões: goleiro e centroavante." "Não existe gol feio. Feio é não fazer gol." "Não venha com a problemática que eu dou a solucionática."

 

You Tube (vídeo) - Brasil 1x0 Portugal - final Taça Independência, 1972

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 09/09/2022
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