O sol nasce para todos, todos os dias.
Desde que dom Pedro I deu o Grito do Ipiranga, já foram 91.251 vezes que assim foi, contando o dia de hoje, para todos nós, brasileiros independentes. Desde que a rainha Elizabeth nasceu, até sua morte, foram mais de 43.920 vezes. O sol nasceu, o dia passou, o sol se pôs. Assim foi e assim será.
Um café gostoso que é sorvido, um beijo, uma pedalada, uma cavalgada, guiar a moto rumo ao horizonte, navegar, ver o colorido da primavera, ouvir o rugido do oceano na praia, sentir o vento nos cabelos, uma troca cúmplice de olhares amorosos, ah, tanta coisa em cada uma dessas vezes, não é mesmo? Zilhões de coisas! Um finito infinito de possibilidades, tamanha a quantidade, demais para a memória humana, inimaginável, possível apenas de ser vivido e de ser surpreendido a cada vez apreciada. 200 ou 96 anos, decompostos em dias, são muito tempo para o nosso entendimento.
O sol nasce todos os dias para todos que estão vivos e o fim da tarde é uma conquista para os que até ele sobreviveram - nem sempre será assim, um dia isso terminará. A noite é uma criança, dizem, e cada amanhecer é uma dádiva ofertada: renascemos diariamente.
Fim de tarde, início de noite. Valeu o dia? Está sendo legal agora? Sim? Então a tua vida está ganha, por hoje. Eu ganhei a minha vida hoje. Prepare-se para o sol, amanhã. E agradeça por isso e aproveite bem, pois não será para sempre.
O sol nasce para todos, todos os dias, sejas tu rei, rainha, plebeu, plebeia, vassalo, vassala ou bobo da corte. A vida é a mesma benção para todos, todos os dias. Existir é a dádiva fundamental. Viver é sobreviver.