Dom Pedro I foi um monarca e um homem de seu tempo. Era um líder político carismático e astuto e, praticamente, um homem do povo, que frequentava disfarçado a noite carioca e se relacionava afetuosamente com as pessoas. Um jovem hiperativo e belo - o único numa família real de gente feia -, que amava a vida e as mulheres. Todas elas, sem distinção de classe, cor ou status social. Foi pai, que se saiba, de 16 filhos: 8 com as duas esposas oficiais, Leopoldina e Amélia; 5 com Domitila Canto;1 com a irmã desta, Maria Benedita; 1 com a francesa Henriette Josephine; e 1 com a monja portuguesa Ana Augusta.
Apoiado pela jovem primeira esposa, a culta e estudada nobre austríaca Leopoldina, e pelo intelectual e político José Bonifácio, bradou "Independência ou morte!" às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, proclamando a Independência do Brasil, indignado que estava com o novo regime político de Portugal, que deixara o rei - seu pai - numa posição decorativa e intentava rebaixar o Brasil novamente para o status de colônia, retirando todo seu poder como Príncipe Regente. Preferiu ficar a frente da vontade popular e da elite local, tornando-se seu rei.
Duzentos anos depois, estamos nós aqui neste 7 de setembro de 2022, gozando da independência e da liberdade que Pedro e os demais brasileiros de seu tempo nos legaram, ao assumirem suas escolhas e se comprometerem com as mesmas. É a história que fizeram. Qual história estamos fazendo? Vivemos um tempo atípico nesse início de século, com o ressurgimento de pandemias e ideologias autoritárias a comprometer tanto a vida quanto mesmo a democracia liberal. Fora isso, a crescente desigualdade social, fruto das mudanças que a revolução digital gera na economia como um todo e, mais especificamente, no mercado de trabalho, com a paulatina e, aparentemente, inexorável redução estrutural da empregabilidade - e seus efeitos nefandos sobre direitos trabalhistas e previdenciários. Isso afeta o Brasil e o mundo, mas vivemos aqui, onde comemoramos o Bicentenário da Independência hoje e onde nos cabem as escolhas e decisões por nosso pais.
A escolha pela vida humana como prioridade e a defesa da democracia representativa contra os arroubos autoritários e golpistas, propalados por setores saudosistas dos tempo do arbítrio ditatorial, urge enquanto responsabilidade histórica de nossa geração. Esse compromisso une trabalhadores, empresários, legisladores, juristas, jornalistas, políticos, cientistas, religiosos, enfim, cidadãos e cidadãs, brasileiros e brasileiras preocupados com o futuro do Brasil para daqui mais duzentos anos, a bradar: Democracia civil, sempre!
Unamos forças. Comemoremos, com esse espírito, o Bicentenário da Independência. Viva o Brasil!