Rock Stones
"Nunca me esquecerei desse acontecimento
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
Tinha uma pedra
Tinha uma pedra no meio do caminho
No meio do caminho tinha uma pedra" - Carlos Drummond de Andrade
E a pedra que tinha no meio do caminho rolava junto com outras pedras, ou seja, as pedras rolavam pelo caminho e, todos sabemos, as pedras vem das rochas. A rocha da qual os The Rolling Stones surgiram foi o rock and roll e, como ontem foi o Dia Mundial do Rock e anteontem o aniversário de 60 anos dos Stones, acho impossível não voltar a falar um pouco deles em nossa crônica de hoje.
Quantas pessoas trabalham por 60 anos? Quantas ficam casadas por esse período? Quantas vivem até essa idade? Uau syl, sessenta anos, para nós, humanos, é tempo paca! E os caras tocam junto há sessenta anos, brother! Impressionante. E quando eles surgiram, em 1962, o rock, como ritmo musical e estilo de vida, tinha apenas uns 10 aninhos. Um roquinho bebê, como diria a Torloni. Alguns dão como marco a canção Rock around the clock de Bill Haley, escrita em 1952, mas gravada pelo artista em 1955 e hit no ano seguinte. Entretanto, isso é só para dar uma referência, pois o surgimento do rock and roll foi, de fato, um processo paulatino, derivado de ritmos estadunidenses como o country, o blues e o rhythm and blues, ocorrido entre o final dos anos 1940 e início dos 1950. Tais sons norteamericanos entrariam na Inglaterra muito forte com a Segunda Guerra Mundial, via a presença de tropas dos EUA no Reino Unido.
O fato é que o rock, essa música urbana e jovem, estourou no mundo inteiro no período pós-guerra, adquirindo características contraculturais de rebeldia e mudança, com artistas primordiais como Elvis Presley nos EUA e Beatles e Stones na Terra da Rainha Elizabeth - que tem 96 e é a mais velha de todos. O Stones, da primeira leva do rock britânico, ainda, incrivelmente, está na ativa. Formado por garotos que curtiam o blues do Tio Sam, importando os discos de lá.
E as pedras foram rolando e a rocha se decompondo e recompondo nessas décadas, gerando um movimento musical extremamente amalgâmico em constante dialética, produtor das mais variadas sínteses: liberdade artística total. Como diria Pessoa, tudo vale a pena. O rock não envelheceu e não morreu e os Stones envelheceram e não morreram, eis a realidade atual. O rock é muito maior que os Stones, mas os Stones são o que há de maior e mais longevo no rock e, ao completarem Bodas de Diamante, se bobear, chegam às de Vinho. Alguém aí duvida? Eu não.
Hey hey, my my
Rock and roll can never die" - Neil Young.
