João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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A onipresente Frida

 

Existem muitas personalidades do século XX cuja imagem se tornou icônica e, assim, ainda presente: Marilyn Monroe, Elvis Presley, Che Guevara, Bob Marley, Albert Einstein, Mohandas Gandhi, Beatles, Charles Chaplin e Sigmund Freud, dentre outros. Pelo menos são os que vejo espalhados em quadros em diversos locais, em alguma publicação ou produto ligado a sua imagem. Contudo, entendo que no momento vivemos uma explosão de Frida Kahlo por aí. É Frida por quase todo o lado e em quase toda a parte e em toda e qualquer coisa, de retratos a bonecos, chaveiros, bolsas, agendas, xícaras, ímãs de geladeiras e demais badulaques. Overdose de Frida, a onipresente.

 

Acontece que nos acostumamos no dia a dia com essas figuras icônicas e as naturalizamos no cotidiano, deixando de perceber o quanto são histórica e culturalmente relevantes: parece que naturalmente sempre estiveram ali. Só que não, é mister estranhá-las e desnaturalizá-las, como recomendam os princípios epistemológicos da Sociologia para o Ensino Médio. São construções histórico-sociais que possuem determinada representatividade política, cultural ou social e que, por isso, ainda sobrevivem em nosso imaginário. A pintora mexicana Frida Kahlo faria 115 anos no último dia 6 e morreu em 1954 (aos 47 anos), mas parece mais viva do que nunca em corações e mentes. Em qualquer loja de roupas, de presentes e de miscelâneas que tu vais é quase certo que verás algo com a estampa da artista.

 

E isso que estamos em tempos de extrema-direita no poder e Frida era uma comunista de carteirinha, logo, uma imagem passível de desconstituição político-cultural. Entretanto, um pouco isso explica, em parte, a onipresença de sua imagem. Frida foi uma mulher muito além de seu tempo, sexualmente liberada, protagonista de sua vida, artística e politicamente ativa, independente e criativa. E isso cativa tanto mulheres politizadas de esquerda quanto feministas em geral, além de, culturalmente, toda a mulher que busque no passado personalidades femininas fortes que sirvam para inspirar o atual empoderamento do chamado sexo frágil, demonstrado o contrário, ou seja, sua força. E isso, obviamente, serve também como contraponto a leituras conservadoras para o papel da mulher numa sociedade machista.

 

Arrisco a dizer que, nos dias atuais, a imagem de Frida seja mais presente do que as acima citadas. Um fato considerável, levando-se em conta que não foi uma popstar norte americana alavancada pela hegemonia da indústria cultural estadunidense, mas sim uma artista de um país periférico, do terceiro mundo. Sua obra, na verdade, ficou mais conhecida após sua morte, suplantando até mesmo o legado de seu marido, o muralista Diego Rivera, famosíssimo à época. Acima vemos o seu quadro Diego y Yo, que foi vendido num leilão em novembro de 2021 pelo preço de quase 35 milhões de dólares. Foi o mais alto valor já pago por uma obra de um artista laltino americano e a segunda mais cara de uma artista feminina no mundo.

 

Você já viu a Frida por aí? Acho que sim, é só prestar bem a atenção. Para quem quiser saber quem foi Frida, recomendo o filme Frida - com a atriz Salma Hayek - e para se aprofundar sobre a vida da pintora, recomendo o livro Frida - A biografia, de Hayden Herrera, completíssimo, inclusive foi a base para o roteiro do filme citado. Abaixo, link para um artigo que escrevi sobre os 110 anos da artista em 2017.

 

Um bom final de semana para todos, cuidem-se, vacinem-se e fiquem com Deus.

 

Jornal Portal de Notícias, artigoFrida

 

 

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 07/07/2022
Alterado em 07/07/2022
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