Há 60 anos que as pedras rolam sem parar
Certa vez li numa revista de rock um Beatle (já não recordo qual) dizer que o surpreendente não era eles terem acabado, mas sim os Stones ainda estarem juntos. E isso já faz por volta de quatro décadas! E os The Rolling Stones continuam tocando e, dia 12 de julho, completarão seis décadas de existência como banda. Uau syl!
Nesse dia, em 1962, realizaram o primeiro show com o nome que entraria para a história do rock e da música pop mundial, inspirado por uma canção de Muddy Watters. Dois anos antes, em 1960, os ex-colegas de escola Keith Richards e Mick Jagger se reencontraram num trem em Londres e o primeiro viu uns discos de blues que Mick segurava, importados dos Estados Unidos, e ficou ligado em saber que ele também curtia esses sons. Eis a gênese da banda, o período proto Stones. Quando foram convidados pelo guitarrista Brian Jones a formar uma banda, daí sim foi que surgiu a The Rolling Stones, naquela apresentação em 12 de julho de 1962 no Marquee Club, em Londres.
O baterista Charlie Watts já era respeitado na cena musical londrina como batera de jazz, mas estava percebendo que aquele som estava ficando para trás e queria tocar blues - então o ritmo da moda - numa boa banda e viu os Stones como a melhor opção. Falou com Keith, que lhe respondeu: "Cara, queríamos mesmo te contratar para tocar com a gente faz tempo, mas não tínhamos grana pra isso". Fechou todas. A formação original se completou com a entrada do baixista Bill Wyman, convidado por possuir dois amplificadores. Assim iniciaram aqueles tempos em que seu vizinho "era um garoto que como eu amava os Beatles e os Rolling Stones", como naquele sucesso de Os Incríveis.
Comecei a conhecer os Stones bem no final dos 1970 e início dos 1980, que foi a época que os curti às ganhas, com interesse. Fui ouvinte adolescente contemporâneo de discos como Emotional Rescue (1980), Tatoo You (1981) e Undercover (1983). Os seus grandes sucessos no período foram She's so cold (ER), Start me up (TY), Waiting on a friend (TY) e Undercover of the night. Bem por esse tempo começaram a surgir rumores sobre o fim da banda que, sabemos agora, duraria mais quarenta anos. Nesse periodo foi lançado também o disco ao vivo Still Life (1981) que abria com a ótima sequência de Under my thumb e Let's spende the night together, além de trazer outros hits dos anos anteriores como Time is on my side e a icônica (I can't get now) Satisfaction - seu maior sucesso nessa meia dúzia de décadas.
Tempo muito bom. Ouvíamos essas canções como se fossem músicas, eis que na época era todo mundo monoglota e ninguém entendia o que era cantado. Não havia ainda a internet para pegar as letras traduzidas, nem Google tradutor, essas coisas todas de hoje. Era apenas rock'n roll, mas a gente gostava fosse como fosse, básico assim. Além das supracitadas, poderia destacar também, conforme meu gosto pessoal, canções como Angie, Miss You, Jumpim Jack flash e It's only rock'n roll.
Dos cinco integrantes originais (*), restam apenas Jagger e Richards. Jones (1969) e Watts (2021) morreram e Wyman (1993) deixou a banda. Junto deles está, desde 1974, há 48 anos, o guitarrista Ron Wood. Como é uma pequena e breve crônica sobre uma grande e longeva banda que continua ativa por seis décadas, finalizo-a deixando abaixo o vídeo de Undercover of the night, por ser uma boa canção não tão badalada e por marcar a incorreção dos boatos sobre a separação que nunca ocorreu. E, concordemos, aquele Beatle estava certo: isso é mesmo surpreendente!
(*) - Sim, sei que havia o tecladista Ian Stewart (1938 - 1985), aquele que não aparecia nas capas por ser feio. Ele nunca foi considerado um membro fixo dos Stones, mas sim músico contratado.