João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Numa tarde tão linda de sol ela me vacinou

 

No início da tarde da última terça-feira lá fui eu caminhando até a UBS Beira Rio, em Charqueadas, tomar a quarta dose da vacina contra o coronavírus e também a da gripe, trajado à Rock'n Roll com a camisa nova do Led, a velha e desbotada calça Lee e o surrado All Star colorido, em homenagem ao belo dia de sol - acho que as belas tardes de sol combinam muito com o rock, música cheia de vida. E, como vacina também é vida, achei tudo a ver.

 

Estava lotada a recepção, então fiquei do lado de fora, junto a entrada, com outras pessoas - o meu colega de serviço, o Mário, estava lá, de saída. Gostei de ter bastante gente, sinal de que o pessoal está procurando a imunização. Outra coisa legal é que era um local onde todos estavam de máscara. Apenas um jovem chegou lá sem, rapidamente, com roupa de operário, mas não para se vacinar, apenas para pegar um atestado ou algo parecido. Ah, uma senhora também. O fato é que na rua quase ninguém a utiliza, nem mesmo as pessoas que a gente percebe, pela idade, que são grupo de risco e, portanto, deveriam usar, como é o recomendado. Eu uso, sempre, ao sair de casa. Até essa pandemia não estar sob total controle, não facilitarei, em lugar algum, mesmo estando imunizado com as quatro doses indicadas pelas autoridades médicas e sanitárias. Se ela está voltando a crescer no momento, que garantia temos, né? Então, se és grupo de risco...

 

As profissionais chamavam por ordem de chegada, nós entrávamos na recepção, entregávamos a identidade e a carteira de vacinação e aguardávamos. Enquanto esperava, tive o prazer de conversar com o Ronaldo Darlei, dentista da UBS, que conheço desde guri, de quando morávamos no Bairro Sul América e o bairro ainda se chamava Vila Cohab. Gente boa o Ronaldo, é sempre muito bom encontrá-lo, inclusive já trabalhamos juntos tempos atrás, no mesmo local. Como fui sozinho me vacinar, comecei a treinar para tirar selfie - são essas que ilustram a crônica - e o celular caía das minhas mãos. Explico: nunca tirei uma selfie antes. Ué, como esses jovens de hoje conseguem fazer isso, parece tão fácil e as fotos ficam tão boas? Mesmo sentindo-me um panaca, não desisti, afinal, queria registrar esse momento importante da minha biografia.

 

Chamaram-me, era a minha vez. Entrei com o celular em mãos, um pouco atrapalhado, ainda. A simpática Daia, ao me vacinar - recebera dela também a terceira dose -, deu umas dicas e consegui, ufa. Saí de lá refletindo, recordando das doses anteriores. Quanta coisa pode acontecer no espaço de um ano em nossa vida, não é mesmo? Quando recebi a primeira e a segunda, em maio e agosto de 2021, minha mãe ainda estava viva - faleceu em setembro. Pauline e Pâmela foram as vacinadoras - não esquecerei o nome delas e da Daia, tenho certeza. Foi uma libertação estar imunizado com duas doses, mas bah! Ao receber a terceira, em dezembro, meu pai já estava doente - faleceria dia 30 daquele mês. Assim, ontem, num espaço de treze meses, enquanto protegia minha vida imunizando-me, pessoas amadas e fundamentais dela partiram.

 

Mas enfim, foi uma bela tarde de sol essa terça-feira, 14 de junho de 2022, e eu estava vivo, saudável e vacinado. Cheguei em casa e ouvi Born to be wild, do Steppenwolf, pelos fones do notebook, no volume máximo. Essa canção é de junho de 1968, faz aniversário comigo. É muito bom estar vivo e com saúde, cercado de pessoas que nos amam e nos respeitam. A vida é bela, apesar das dificuldades, como naquele filme do Roberto Benigni. 

 

Um bom fim de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se e fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 17/06/2022
Alterado em 18/06/2022
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