Crônica de um final de tarde invernal atípico de outono
O vento agita a copa das árvores do pátio, enquanto a bebê resmunga com o pai na cozinha e os panos de prato, esquecidos no varal, balançam, molhados. O gato mia em cima do muro alto, protegido pela aba do telhado, pedindo comida. Os cachorros enovelam-se na casinha.
O frio vai se instalando e o perfume do café preto toma conta da casa, pedindo por uma torrada amiga a lhe fazer companhia. A luz cai e a residência fica na penumbra da tarde que se esvai, levando os moradores para o início do século passado. O fogão é ligado com o fósforo e as velas são acesas. O violão é afinado e a cantoria em família começa.
O mundo humano é uma estrutura instável e a natureza é imponente.
A luz volta.
A luz cai de novo.
Volta.
Cai.
Volta.
Cai.
Volta.
Segura por um tempo. Envio o texto.
Cai.
Foi por um triz.
Boa noite.