Si+iada
A muralha, como sabemos, era um recurso que os castelos ou cidades antigas construíam com o fim de se proteger de ataques de inimigos e resistir ao cerco que esses lhes impunham. Sem muralha, a urbe sitiada pouco ou nada resistiria. Uma cerca não deixa de ser uma muralha, quando é necessária por motivos de proteção de determinado prédio. É justamente o caso da igreja Nossa Senhora dos Navegantes, em Charqueadas, sitiada por vândalos.
Não, não me refiro ao povo de provável origem norueguesa que guerreou com os romanos no século V, mas sim os depredadores que, além de riscar as paredes, atiravam pedras nos vitrais da igreja, danificando-os. Não são aqueles vândalos de antanho, embora esses vandalizadores, é bom lembrar, sejam assim chamados devido à fama daquele povo na antiguidade. V de vândalos e V de vitrais, danosa simetria. A cerca que isola a igreja e que permanece fechada a cadeado, resiste ao cerco vândalo.
Os vitrais vandalizados foram reparados durante a pandemia, ficaram muito bonitos. É um programa cultural ir num dia de sol à Navegantes ver a beleza que são. Um patrimônio da cidade. A igreja foi concluída há 76 anos. Até onde sei, só abre nos dias de missa (sábados às 18 horas), dá para chegar um pouco antes e conferir. Abaixo, o vitral de Santa Cecília, padroeira da música, o que mais gosto e o único que escapou ileso à sanha vândala.
Quem sabe, daqui algumas décadas, melhoremos como sociedade e como seres humanos e a Navegantes, como na foto que fecha esse texto, tenha o pátio livre e as portas abertas aqueles que possuem fé e apreço pela cultura e pelo belo? Oremos e obremos.