Viver
Viver é sobreviver, correndo riscos calculados. Andar por aí de bicicleta, na mão certa, de capacete, e ir à beira do rio para olhar o horizonte verde-azul só com a natureza e os barcos. Sentir o ar e a sombra da manhã agradando o seu corpo e arejando sua mente. Ah, "a vida pode ser maravilhosa"! Ah, "a vida é bela"! "Pedalar para não poluir", usar máscara e óculos de sol, vacinado.
"Malandragem de verdade é viver". Não sei quem escreveu isso aqui no porto abandonado da minha cidade, mas concordo plenamente com o cara. A gente olha o Jacuí e agradece a Deus pela vida num lugar tão bonito. E o que é exatamente viver, para o autor da frase? Ah, isso eu também não sei, só ele poderia dizer. Por minha cabeça penso que a vida é o tempo que passa, onde "viver e não ter a vergonha de ser feliz" é que conta e onde só o amor dá cor para a vida. Cuidar da vida, preservar a vida e assim usufruir desse imenso e generosíssimo privilégio que é viver, eis como traduzo a frase. Minha tradução. Qual a sua? Que sejas imensamente feliz com ela!
A gente existe e pronto, já viver são outros quinhentos. Tipo: tudo bem, já estamos por aqui mesmo, mas e agora, o que faremos? Existir é fato, viver é ato. Existir é a dádiva essencial, radicalmente individual; viver é um ato coletivo, possibilidade e opção. "É preciso saber viver", sabendo fazer as escolhas certas a partir da ciência de quem se é, do que te faz feliz de verdade.
Eis a malandragem de verdade que te possibilita viver legal, de boa. "Eu só peço a Deus um pouco de malandragem, pois sou criança e não conheço a verdade". E essa malandragem da qual fala a canção é para a vida toda, pois sempre seremos um pouco crianças nesse mundo. "Só posso conquistar o céu se for como criança aqui".
"Malandragem de verdade é viver". Mas bah, tchê, acertou em cheio! Vamos nessa.