João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Quem foi?

 

Há pouco comemoramos o Dia Internacional da Mulher. Escrevi aqui sobre a primeira deputada federal do Brasil, Carlota de Queirós. Hoje falarei sobre outras três saudosas mulheres, que não vieram a esse mundo a passeio e dedicaram a vida aos pobres, seja pela caridade, pela denúncia ou pela luta política.

 

Sobre a primeira, basta mencionar "O Anjo Bom da Bahia" ou "Santa Dulce dos Pobres" para sabermos quem foi esse impressionante, formidável e referencial ser humano brasileiro. A gente arrepia ao pensar no exemplo de vida de Irmã Dulce e todo o seu trabalho de assistência social e hospitalar aos pobres. É a primeira santa brasileira, aqui nascida. E tudo nasceu de uma vontade férrea e um amor extremo, ao melhor exemplo do que Jesus pregou em sua passagem pela Terra. Entregou sua vida à Deus e ao próximo e, de um galinheiro, ergueu-se um complexo de saúde e assistência que, mais do que levar o nome da religiosa, tinha o seu CPF e sua RG na titularidade: Irmã Dulce não era uma franquia, era a pessoa à frente da organização e manutenção de sua obra benfazeja e edificante. Domingo marcou os 30 anos de seu falecimento.

 

Há um mês abordei a vida dessa mulher que nasceu pobre e viveu na miséria em São Paulo, na Favela do Canindé, catando papel, ferro velho e vidro para criar, sozinha, sua filha e os dois filhos nos anos 1950. E o fez também pela literatura, através de sua autobiografia, Quarto de Despejo - diário de uma favelada (1960). É a dor e a angústia da vida miserável fruto da desigualdade brasileira relatada por uma de suas personagens. Do livro emerge também a força que as pessoas retiram do espírito a fim de sobreviver na penúria mais adversa, onde a luta por alimentação é diária. Uma literatura pungente e comovente. Hoje, se viva, a escritora Carolina Maria de Jesus estaria completando 108 anos.

 

Por último, há quatro anos que a pergunta que dá título à essa crônica ainda não foi respondida: Quem mandou matar Marielle Franco? Os executores, profissionais da morte, estão presos. No crime, como efeito colateral, morreu também o motorista Anderson, por estar na linha de tiro dos assassinos. Outra favelada, mas de um tempo diferente, dos anos 2000, uma mulher empoderada e atuante na esfera política, vereadora carioca que, dentre outras pautas, defendia sua comunidade de origem. Condenada à morte pela ousadia de ser e estar nesse mundo de forma ativa e construtiva, defendendo interesses dos pequenos contra os grandes. Sua voz foi calada, mas seu exemplo ressoou e ressoará por muito tempo, como mártir de uma causa maior do que a vida que, por ela, entregou. Marielle vive! Marielle presente!

 

Aliás, Dulce, Carolina e Marielle vivem, presentes! Grandes mulheres que muito ajudaram ao próximo e aos desfavorecidos da vida material, cada um de sua maneira: a santa, a escritora e a mártir. Não esqueceremos quem elas foram.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 14/03/2022
Alterado em 14/03/2022
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