João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
Capa Meu Diário Textos Áudios Fotos Perfil Livros à Venda Livro de Visitas Contato Links
Textos

Physical Graffiti, 47 anos

 

Vamos falar de coisas legais nessa sexta-feira? Pandemia e guerra são assuntos importantes a serem abordados, mas muito baixo-astral e eu estou a fim de amenidades nesse fim de semana de Carnaval sem Carnaval. Já basta não ter Carnaval devido a pandemia e ter guerra na Europa, não é mesmo? Bom, não sei se vocês sabem, mas ontem fez 47 anos que o Led Zeppelin lançou pela primeira vez um LP duplo, Physical Graffiti, seu sexto álbum, também o primeiro na sua própria gravadora, a Swan Song Records.

 

Era 24 de fevereiro de 1975 o Led já estava em turnê pelos Estados Unidos quando Physical chegou nas lojas para alegria dos jovens roqueiros setentistas de todo planeta, ainda nos tempos hippies e do nascente hard rock, gênero ao qual a banda inglesa se inseria e, ainda mais, ajudando a lançar as bases do heavy metal. Aliás, Physical tem canções pesadas como Custard Pie, The Rover, The Wanton Song e Sick Again entre as 15 composições nele inclusas. Todavia, todo mundo sabe que o Led Zeppelin era uma banda amalgâmica e inovadora que também transitava com inventividade e originalidade pelo folk (Bron-Yr-Aur), blues (In my Time of Dying) e progressivo (In the Light), além dos gêneros já citados.

 

Entretanto, o grande momento do Led em Physical é indubitavelmente Kashmir (*), uma canção psicodélica com forte influência oriental e estruturada harmonicamente num acorde circulante suspenso (sem a terça nota do acorde) em ré (a corda mais grave como "pedal"), subindo a quinta nota (duplicada em uníssono) de semitom em semitom, com a afinação da guitarra à moda celta (DADGAD). Um clássico do rock, icônica, com os teclados de John Paul Jones abusando das dissonâncias visando dar o devido clima exótico no arranjo, junto com a voz aguda e extensa de Robert Plant, a guitarra genial de Jimmy Page e a bateira vigorosa e sofisticada de John Bonham.

 

Particularmente, depois de Kashmir, minhas canções preferidas de Physical Graffiti são as dançantes e quase pop Night Flight, Donw by the Seaside e Trampled Under Foot (a preferida de Page, fica a dica, é Ten Years Gone, com suas dezenas de guitarras sobrepostas). Explico minhas preferências: curto Boney M e ABBA - aliás, o último álbum do Led, In Through the Out Door (1979), o que mais gosto, foi gravado em Estocolmo, no Polar Studios do quarteto sueco. Outro detalhe legal para ser mencionado é a capa vazada de Physical Graffiti, onde, trocando de lugar os encartes internos, a gente muda as figuras que aparecem nas janelas do prédio da foto. Aliás, o edifício comum entre as ruas 96 e 98, de St. Mark’s Place, ainda existe em Nova Iorque e, inclusive, se você for lá, pode dar uma parada e tomar um chá no Physical GraffiTEA.

 

Buenas, e era isso. Passarei o Carnaval em casa ouvindo Physical Graffiti e lembrando de um tempo feliz sem pandemia e com Carnaval, há 47 anos, quando a guerra (do Vietnâ) terminava em vez de iniciar (a da Ucrânia) e quando (pasmem com a ironia histórica) o Prêmio Nobel da Paz de 1975 era concedido a um russo - isso mesmo -, o físico nuclear Andrei Dmitrievich Sakharov, um ativista dos direitos humanos e das liberdades civis.

 

Bom final de semana para todos, com muita música, saúde e paz (mas bah, tchê, não me vão brigar no Grenal, cueras). Cuidem-se e fiquem com Deus.

 

Nota:

(*) - You Tube: Kashmir, Led Zeppelin - Festival de Knebworth, 1979

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 25/02/2022
Alterado em 25/02/2022
Comentários