Natal, processo e refúgio de esperança
Desde o primeiro domingo do Advento que estamos por aqui refletindo, a partir de textos bíblicos indicados para o período natalino, sobre o Natal enquanto processo e seu significado religioso, fonte, sobretudo, de esperança. Hoje, véspera de Natal, retomaremos, em parte, o que foi escrito nesses textos.
O Natal não é, simplesmente, a data religiosa historicamente convencionada, mas um processo, assim como a Páscoa. Amanhã será o ponto de chegada. O de partida foi no primeiro domingo do Advento, dia 28 de novembro. O epílogo será em 6 de janeiro, no Dia de Reis. Assim, vê-se que o Natal é um período com início, ápice e encerramento, onde o nascimento de Jesus e todo o amor estimulado por sua Palavra, ensinada durante sua passagem por esse plano físico, são cultuados e refletidos. Para além do comércio estimulado por Noel e seu saco de presentes, o Espírito de Natal é – deveria ser, pelo menos – esse. Todavia, uma coisa não anula a outra, pode se fazer as duas, sabendo-se, todavia, qual é a principal.
A esperança que o Natal enseja inclui a piedade divina para com os que estão sozinhos e aflitos, em sofrimento e fadiga, angustiados, eis que Jesus lhes guarda a vida e liberta, fazendo brotar o direito e a justiça no mundo. Basta os corações não ficarem insensíveis devido aos excessos, bebedeiras e preocupações da vida, adquirindo forças para escapar das armadilhas e para ficar em pé diante Dele.
Dizia a voz batista que gritava no deserto: - Preparem o caminho e todos verão a salvação. Ou, mais adiante, Paulo: - Que o amor de vocês cresça mais e mais, em conhecimento e em todo o tipo de discernimento, para que vocês saibam escolher o que é mais importante. Qual o sentido do amor de Deus expresso na Palavra daquele cuja vinda foi anunciada por João Batista? O que devemos fazer para o corporificar? Compartilhar e respeitar. Como respondeu João quando caminhava pelo deserto, junto ao rio Jordão: dividir as túnicas e a comida, não cobrar além do estabelecido, não fazer ameaças, não ser violento e tampouco acusar falsamente.
Em natais pretéritos, onde minha família se reunia ano na casa de um, ano na casa de outro, parecia que estávamos sonhando, nossas bocas então se enchiam de sorrisos e nossas línguas com gritos de alegria, mesmo que adversidades tivessem surgido ao longo do ano, pois os que semeiam entre lágrimas, com alegria colhem. Para isso, sempre, basta retirar o traje de luto e aflição e vestir o da esperança, esclarecida pela luz da Palavra. Refletir sobre quem somos e como podemos melhorar em relação a nós e aos outros. “Deus, mostra-nos teu rosto radiante e seremos salvos”, como no Salmo 80. Deus não quer nem sacrifícios nem oferendas, não lhe agradam nem holocaustos nem sacrifícios pelo pecado. Não é o que se passa, é como se passa e o que se aprende e evolui. Não é o que se pensa, mas sim o que se pratica por bem e contra o que se resiste como mal. Deus está no meio de nós, renovando o seu amor. Não tenhamos medo da vida, confiemos Nele, que é fonte de nossa força. Nesse período natalino, nossa bondade deve ser conhecida por todos. Não nos aflijamos. Oremos, peçamos e demos graças.
Por fim, o Natal é um refúgio, um lugar onde a reflexão positiva sobre a amorosidade possível ao ser humano e ao mundo pode ser realizada, mesmo que vivamos em sociedades desiguais e enfrentemos um período difícil. Um lugar onde se planta a esperança de nos tornarmos coisa bem melhor do que somos.
Um Feliz Natal para todos.
PS - Tem um canal, Studio Universal, que na Sky é o 111, que desde 12 de novembro passa 24 horas de filmes de Natal. São filmes estadunidenses, com neve, chocolate quente, roupas de lã e coisa e tal, pois lá no Hemisfério Norte é inverno, bem sabemos. A mitologia natalina foi concebida pelos e para os países ao norte da Linha do Equador. Papai Noel morreria desidratado aqui no Sul! De qualquer forma, é um prato mais do que cheio para quem gosta e, além disso, uma boa pedida para hoje e amanhã.
PS II – A foto utilizada acima é da Fridinha, uma cadelinha resgatada em dezembro de 2018 na BR 290 pelas servidoras públicas estaduais Geórgia e Karen.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/12/2021