Profeta Gentileza, 60 anos: 1961 - 2021

No dia 23 de dezembro de 1961 desaparecia o cidadão José Datrino, paulista radicado no Rio de Janeiro, e surgia Gentileza, o Profeta do Brasil. "Por gentileza" e "agradecido" eram suas palavras, em oposição ao "por favor" e ao "obrigado", próprios do "capetalismo", que "vende tudo e destrói tudo".

"Ao ajudar as pessoas, sugere que simplesmente peçam 'por gentileza'. Segundo ele, a expressão 'por favor' remete à guerra capitalista do toma lá dá cá, à troca baseada no interesse. Da mesma forma, condena a expressão 'obrigado' como forma de agradecimento. Para ele, ninguém é obrigado a nada. Devemos sim, calcar nossa existência no 'amor' e não no 'favor'. Basta dizer 'agradecido' " - esclarece Maria José Oliveira em seu artigo Gentileza nas palavras de um profeta urbano.

Outro a destacar a pregação do profeta Gentileza é "o professor Leonardo Guelman, do Departamento de Arte da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para ele, o maior legado de Gentileza foi ter deixado uma mensagem que chama à solidariedade. 'Ele faz esse chamado para pensar de que maneira nós podemos ser mais solidários enquanto sociedade e não ficarmos suscetíveis ao individualismo alimentado pela cultura do consumo' ”, conforme disse ao Jornal do Brasil em 12 de maio de 2021.

Esse legado ficou registrado, mais do que tudo, no "Livro Urbano" que escreveu nas 56 pilastras do Viaduto do Caju, no Rio de Janeiro. No "Univvverrsso Gentileza", o circo era uma metáfora do mundo, o "circomundo", em destruição, baseando-se no incêndio de um circo em Niterói, em 17 de dezembro de 1961, gatilho causador da epifania que gerou o pregador popular. “Não pense em dinheiro. Ele é o capeta. Cega a Humanidade e leva para o abismo” - dizia o ex empresário do setor de transportes.

Num mundo onde grassa cada vez mais a intolerância e a violência, as palavras do Profeta Gentileza ainda soam como bálsamo benfazejo para nós, alerta para o "circomundo" a fim de evitar a sua autodestruição.