Nossa cama
Cansados, sonolentos, passando por noite em claro em tarefa incontornável e urgente, pensamos nela, na nossa cama. Aquele leito macio, cheiroso e aconchegante é a imagem que nos conforta durante o esforço extenuante, a recompensa devida após a tarefa devida.
Qual o móvel mais importante da casa? O troninho, claro. Entretanto, depois dele, é a cama, que, antes de todos, existia desde os tempos idos. Pela medalha de bronze brigam o fogão e a geladeira. Estes quatro tem vaga direta pra Libertadores garantida, os demais disputam a Sul Americana. Não é à toa que o grande e atormentado Van Gogh pintou seu colorido O quarto em Arles, com a cama se destacando na pintura: era onde esticava o corpo e o descansava, junto com a mente.
Ah, a nossa cama, onde deitamos e liberamos a imaginação para onde quisermos... Depois sonhamos, embora esses possuam autogestão, podendo ser até pesadelo. Mas sejamos otimistas e pensemos que, depois de acomodados em nossa cama, teremos sonhos maravilhosos. Algumas vezes até com aquilo, eis que a nossa cama é justamente o lugar preferencial para aquilo, móvel sobre o qual buscamos o prazer e a perpetuação da espécie. A cama é, assim, também, o móvel sexual. Logo, duplamente associado a prazer e a conforto.
Nossa cama é uma zona de conforto da qual ninguém quer abrir mão. É onde recarregamos a nossa bateria, recuperando a força necessária. O que é melhor do que acordar sobre a nossa cama, após horas de sono revigorante e benfazejo? Digam aí vocês. Creio que suas respostas também garantam vaga direta na Libertadores.
Durmam bem.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 13/12/2021
Alterado em 14/12/2021