Eclesiastes
A vida passa veloz e o presente é a eternidade possível sob o sol, já diziam os antigos há milhares de anos. "Que proveito tira o homem de todo o trabalho com que se afadiga sob o sol?" - indagou o pregador.
Pensar no início e no fim é se furtar a tal eternidade. O animal, que, tal qual o homem, tem - sem o saber - destino pré-definido, vive o presente. Que homem seria menos racional do que um animal irracional? Todavia, há de se ter discernimento e bom senso na vida presente. Não adianta o acúmulo de conhecimento para aquele que não é sábio diante das coisas práticas da vida e se deixa tomar pelas paixões advindas da matéria.
E, também, que presente de vida resta para o povo, quando ele é impedido de usufruir do resultado do trabalho com que se afadiga debaixo do sol? As desigualdades sociais, portanto, interferem no plano divino, eis que Deus é O Pai de todos. Quando tu chegas num hospital e tem bons planos de saúde, o teu presente é um; quando não possuis, é outro. E isso ainda é assim após a passagem dos séculos e dos milênios. Não há nada de novo sob o sol, eis que o homem ainda é o mesmo homem. "Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais" - Belchior, o cantor, não o Rei Mago.
E, nessa vida fugaz, usufruir o presente é o encontro eterno com Ele. Viver é dádiva por Ele ofertada amorosamente a todos. Não perca o foco nessa estrada. Não percamos. Ouçam Coélet, que há milênios compartilha suas reflexões, instigando-nos a pensar...
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 04/11/2021
Alterado em 04/11/2021