João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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A favor do passaporte vacinal

Ontem escrevi aqui sobre o feito do ator William Shatner que, aos 90 anos, foi a pessoa mais velha a ir ao espaço, como tripulante do foguetão turístico de Jeff Bezos. Um feito, não é mesmo? Exemplar ver uma pessoa com essa idade com saúde para aproveitar a vida. Com certeza um cara que teve condições de se cuidar e o fez, levando uma vida regrada, sadia e ativa. Então, ao ver o capitão Kirk de Jornada nas Estrelas tão de boa assim, impossível não lembrar do seu icônico parceiro senhor Spock, o oficial de ciências da Enterprise, interpretado pelo ator Leonard Nimoy.

Nimoy faleceu aos 83 anos, em fevereiro de 2015, de doença pulmonar obstrutiva crônica, motivado pelo uso do cigarro. Vitimou-o mesmo ele já tendo parado de fumar há quase 30 anos! É uma enfermidade com efeitos similares ao câncer de pulmão, uma das grandes causas de mortalidade no Brasil e no mundo. Nimoy, após abandonar o vício, tornou-se um militante antitabagista, alertando as pessoas para os perigos deste. Uma decisão sábia que, obviamente, seria avalizada pelo senhor Spock, homem de ciência e um vulcaniano, que não veria racionalidade que justificasse um hábito nocivo à saúde, com possibilidade de abreviar a vida e levar a uma morte por demais sofrida.

A pessoa quando fuma, bebe ou se chapa, por exemplo, está fazendo uma opção pessoal. Embora claramente isso afete, de vários modos, sua família, é a sua escolha para o seu corpo e a sua vida e, mesmo que gere custos sociais e financeiros no sistema público de saúde, não irá, via de regra, colocar diretamente em risco a vida de outras pessoas. Sim, não podemos esquecer que o ambiente social e profissional contribui com o aparecimento de doenças pulmonares, por isso o cigarro, por exemplo, está abolido de locais públicos. Mas, vá lá, isso é uma escolha pessoal.

Agora, numa pandemia como a do coronavírus, a escolha de não se vacinar, colocando a saúde e a vida em risco, implica, além do prejuízo individual, um perigo social, pelo fato de que a pessoa não imunizada se torna um vetor de espalhamento viral. Vacinas, antes de uma proteção individual, são um combate social a uma determinada doença, um prodígio da ciência em benefício da humanidade, da vida humana, da coletividade. Assim, particularmente, nesses casos, sou a favor da obrigatoriedade da vacina, pois o direito à vida de todos se sobrepõe ao direito individual de escolha de alguns. Lamento não ter sido assim no Brasil, até por estímulo nocivo de nosso governo federal, agravante da pandemia, conforme o relatório da CPI da Covid. O bom é que o brasileiro tem cultura vacinal e, graças a isso, a pandemia arrefece dia a dia em nosso país.

Nessa semana vimos também um protesto violento na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, de pessoas contrárias ao passaporte vacinal que, diga-se, já vale em todo o Rio Grande do Sul, por iniciativa do Governo do Estado. Sinceramente, como entender tal atitude? A vacina já não é obrigatória, então as pessoas - com a minha contrariedade - podem optar por não se imunizarem. Entretanto, o que justifica pleitearem o direito de irem a locais públicos, com aglomeração agora liberada durante a pandemia a partir de critérios epidemiológicos, sem estarem vacinadas? Na minha opinião, nada. Não quero estar ao lado de uma pessoa que não se vacinou em local algum, devido ao risco existente. E creio que temos esse direito no momento em que, no Brasil, em números oficiais subnotificados, mais de 600 mil pessoas morreram de Covid-19. É uma questão de saúde pública, de direito à vida, e absolutamente nada está acima disso. Por isso tudo sou a favor do passaporte vacinal.

O legado de alerta às consequências para a vida de determinado vício nos foi deixado por Leonard Nimoy. O senhor Spock foi um homem racional, de ciência e usava o cumprimento vulcaniano que vemos em ambas as fotos dessa crônica, desejando sempre "Vida longa e próspera". É o que também desejo a todos.

Viva a ciência e o SUS! Cuidem-se, tomem vacina, usem máscara e mantenham o distanciamento social, pois estamos, quiçá, chegando próximos do final desta pandemia.

Um bom final de semana para todos. Fiquem com Deus.

João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 22/10/2021
Alterado em 22/10/2021
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