João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Um toque de mágica

O que eu fazia há 35 anos? Sei lá, não lembro agora, assim, de cabeça. "Tanta gente, tanta alegria, a minha felicidade era um crediário na" Casa da Música, na Farrapos, em Porto Alegre. Gastei "todo meu dinheiro de rapaz trabalhador", conseguido como servente de pedreiro, numa guitarra Status modelo strato vermelha e amarela, uma caixa valvulada com tremolo marca Frahm e dois pedais baratos, um super distorcion e outro heavy metal.

Foi meu primeiro crediário, compra em meu nome, João Adolfo Guerreiro. Imagina? O vendedor, depois que soube que eu não possuía carteira de trabalho - era um informal -, pensou em desistir, mas minha mãe tava junto e acho que meteu um habeas corpus financeirus pra mim, além de eu ter dado uma entrada legal, se não me falha a memória. Com que orgulho paguei religiosamente em dia aquelas prestações, ao mesmo tempo que passei a perturbar num nível mais alto meus pais e vizinhos: "aumenta que isso aí é rock'n roll", né, Celso Blues Boy.

Era uma época em que a magia estava no ar, diariamente. Os caras eram quatro, uma ótima banda, mas ele é que dava um toque de mágica no som. Único e únicos. O que eu fazia em 1986? Os escutava, como desde 1980, quando minha irmã tirava o encarte do LP The Game e cantava junto, acompanhando as letras das músicas. Eu adorava aquilo, ficava encantado, olhando-a e ouvindo-a, bonita, inteligente e talentosa como eu não era. Agora fico encantado com minha neta dormindo, enquanto ouço baixinho o LP colorido deles, A kind of magic, tomando uma bebida com gosto de canela para entrar no clima. Minha filha adora eles. Foram os caras nos 1980, assim como o Led o foi nos 1970.

Eu escrevi que ele dava um toque de mágica no som. Por isso Fredie atravessou o tempo, não morreu, é um Highlander, como no filme aquele, para o qual fizeram a trilha sonora. Eterno. Ah, ainda possuo a guitarra. Só o corpo é original, o resto já mudei. Ainda tiro um som nela, às brincas. Quando a Jéssica Capelinha tiver uns dez vou ensinar pra ela e pro Turure Papai uns sons na Status. Sons deles. Dele. Vou mostrar o filme - Bohemian Rhapsody - e os vídeos dos shows. Talvez os dois curtam. Emboras lá pra vê.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/09/2021
Alterado em 01/10/2021
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