"Na dúvida, não ultrapasse"

Uma das primeiras lições sociais que possuo a memória de ter aprendido na infância, já alfabetizado, foi obtida ao ler placas com os dizeres "Dirija com cuidado" e, principalmente, "Na dúvida, não ultrapasse", pelo acostamento da faixa quando ia a Porto Alegre ou a outro local com meus pais, de carro ou de ônibus. Qual a lição aprendida? A de que colocar a própria vida e a de outros em risco, num momento de incerteza, é errado.

Com esse entendimento, quero retomar a questão da retomada das aulas presenciais no Rio Grande do Sul, por a entender por demais importante quando vemos a variante Delta, altamente transmissível, crescer entre nós, gerando surtos hospitalares e interrompendo a tendência de queda de internações por Covid-19. Em suma, gerando incerteza quanto a evolução da pandemia no curto prazo.

Qual o sentido de arriscar a vida de jovens, e crianças, ainda não imunizadas nem em primeira dose, nesse momento? E a vida de profissionais da educação, pais, parentes e população em geral, diante de uma possível nova onda de espalhamento? A Educação é importante e as aulas presenciais fundamentais para o processo educativo, mas, creio, não a esse custo. E o que estamos ensinando para crianças e jovens ao agirmos assim? Que é um risco válido e aceitável, mesmo na dúvida, cortar para a esquerda e acelerar, na pressa de chegar, arriscando nossa vida e a de outros.

E isso, penso, vale também para toda atividade não diretamente ligada à manutenção da vida humana e ao funcionamento essencial da sociedade. Essencial é isso! Dirija com cuidado e, na dúvida, não ultrapasse, pois para a morte não há solução, só para a vida.