João Adolfo Guerreiro
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A única vez que brinquei na neve

Como vi no Portal que por esses dias voltou a nevar no Rio Grande do Sul, mesmo que de forma leve e em poucas cidades, recordei da única vez que vi neve na vida: foi em 24 de agosto de 1984, quando estudava no Colégio Tiradentes, no Partenon, em Porto Alegre. É um fenômeno raro por aqui e que a gente não esquece.

Estávamos na parte da tarde vestindo o abrigo do colégio, visto que tínhamos aula de Educação Física. Um frio danado e de repente começou a nevar, para surpresa de todos. Embora não fosse uma nevasca daquelas de filmes e de noticiários, ela era consistente e percebemos que presenciávamos algo único. Mesmo com a rígida disciplina paramilitar do Tiradentes, fomos liberados para usufruirmos daquele momento histórico.

Como éramos uma gurizada de espírito beligerante, proto brigadianos, claro que a oportunidade foi aproveitada para uma guerra de bolas de neve. Juntávamos a "munição" que se acumulava principalmente sobre os carros e viaturas. A mão encarangava e endurecia, mas o pior era levar uma bolada na orelha, que gelava e fazia o ouvido doer. Não recordo se mais alvejei do que fui alvejado, pois a gente lembra mais quando apanha do que quando bate. Assim, a memória dos ouvidos doendo é a que mantenho. Não queiram levar uma bola de neve em cheio na orelha.

Há quase 37 anos isso! Mas bah, faz tempo. Que tarde diferente foi aquela, a única em que brinquei na neve em minha vida. Inesquecível.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/07/2021
Alterado em 20/07/2021
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