Carregando 2021...
Vejo muitos bastante preocupados com 2022, como se, num passe de mágica ou em alienação, nele já estivessem. Então pergunto: 2021 já acabou? Há demanda futura mais importante do que aquela a urgir no presente, a luta pela saúde e pela vida? O que importa mais de imediato para a continuidade da vida: o ar dos minutos seguintes ou o alimento para amanhã?
Sei que 2022 será um ano de escolhas importantes, por tudo o que estamos vivendo nos últimos oito anos e, principalmente, do fim de 2019 pra cá. Continuaremos no rumo atual? Pra onde a agenda liberal e a necropolítica estão nos levando? Corrigiremos a rota, um pouco mais para o centro? Viraremos para a esquerda? São muitas as possibilidades e sei como isso é importante quando se singra o oceano da revolução digital passando pelo Cabo das Tormentas do desemprego estrutural tecnológico: é o futuro de toda uma geração e de toda uma classe social que depende de nossas mãos sobre o leme.
Entretanto, para se colher as flores da primavera há de se passar pelo inverno protegido a fim de não sucumbir ao frio. E 2021 faz parte de um inverno rigoroso e mortal. A sobrevivência ainda está na ordem do dia, acossa-nos cotidianamente. A maioria ainda não foi imunizada. Nem metade da população recebeu a primeira dose. Não chega a 15% o percentual de segunda dose. Numa realidade em que nem os completamente imunizados possuem 100% de garantia de vida, as flores da primavera só poderão ser colhidas no final de setembro, com a benção da imunidade social. Até lá, lamento dizer, continuamos a correr risco. O ano de 2021 ainda está carregando, eis o fato. A redução de óbitos e de ocupação de leitos de UTIs é alvissareira, todavia o futuro ainda está em aberto, é um processo de resistência e construção.
Fique em casa, só saia se necessário, use máscara, mantenha o distanciamento social (não aglomere por motivo algum), siga rigorosamente os protocolos de higiene e tome vacina. Eis as tarefas a serem cumpridas de imediato. Quem ainda está lucidamente em 2021 está nesse caminho. Quem já está oniricamente em 2022, seja de moto ou a pé, ajoelhado ou pulando, encontra-se artificialmente no verão e corre o risco natural de não ter gás para colher as flores, abrir os presentes de Natal e curtir o sol e o mar na praia, quando tais forem realidade. Se 2021 não está concluído, 2022 ainda não pode ser exibido. É o óbvio ululante.
Oremos e obremos.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 07/07/2021
Alterado em 07/07/2021