RS: 30 mil óbitos e atraso na segunda dose
O Rio Grande do Sul atingiu ontem a triste marca de 30 mil óbitos notificados por Covid-19 nesta pandemia, 70% deles registrados em 2021 - 50% em três meses desse ano. Este número, para termos uma ideia da tragédia de sua dimensão humana, é maior do que a população de sete das oito cidades da Região Carbonífera e corresponde a três quartos dos moradores de Charqueadas. São 2.000 mortes por cada um dos 15 meses de pandemia e 5.5 óbitos diários. A maioria deles evitáveis, como bem sabemos.
Com uma quarta onda - ou terceira, dependendo da análise epidemiológica - em andamento e com média de quase 90% de ocupação de leitos de UTI, a grande quantidade de casos não está ocasionando maior mortandade e total colapso do sistema de saúde gaúcho devido ao avanço da vacinação entre idosos acima de 60 anos e pessoas com comorbidades. Nesse sentido, inclusive, o perfil etário dos óbitos caiu da faixa dos 60-79 anos para 50-69 anos. Mesmo assim, veja-se, o Estado registrou 130 óbitos num dia, um patamar ainda muito alto se comparado ao que se viu em 2021. Se uma variante do vírus escapar da - ainda insuficiente - cobertura vacinal, arriscamos passar por uma hecatombe humanitária, estando nesse patamar que, conforme análises epidemiológicas, é fruto de agravantes como "flexibilização" de atividades, aglomerações e proximidade do inverno.
Por falar em vacina, ainda temos atraso na imunização de gaúchos que receberam a primeira dose da CoronaVac e aguardam a segunda para assegurar a defesa de suas vidas. Espera-se para até amanhã a chegada de vacinas que zerem esse inaceitável déficit, fruto de uma grave imprevisão e incompetência logística, que levou ao erro do Ministério da Saúde indicar que estados e municípios vacinassem em primeira dose sem precisar estocar vacinas para a segunda, pois a mesma viria - só que não veio, para risco de muitas pessoas. Após o atraso na aquisição de vacinas em 2020 e a falta de oxigênio em Manaus, o erro de previsão na segunda dose da CoronaVac é o terceiro maior agravante desta pandemia no Brasil, devendo ser investigado pela CPI da Covid-19 no Senado Federal e julgado pela Justiça. Os responsáveis pelas mortes evitáveis devem ser responsabilizados.
Resta as pessoas contribuírem para passarmos por essa quarta onda sem inflar o número de óbitos entre nós, gaúchos. Assim, em primeiro lugar, vacinem-se. Em segundo, evitem aglomerações de qualquer ordem. E, terceiro, continuem usando máscara, observando o distanciamento social e os protocolos de higiene, principalmente o das mãos. Quanto ao governador e prefeitos, que tratem com a devida importância a vida humana ao estabelecerem as medidas de combate à pandemia.
Cuidem-se. Torçamos, obramos e oremos.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 17/06/2021
Alterado em 17/06/2021