João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Naquele consulado estará faltando ele

Ontem, às 17h21min, ligou-me um parente que não é de muita conversa por telefone. O que seria? Estava avisando que o Alveri, cônsul adjunto do Grêmio de Charqueadas, falecera, repentinamente. Gremista como eu, ficou sensibilizado com a notícia. Ficamos.

Alveri Teixeira era sem dúvida o rosto mais visível do Grêmio em Charqueadas na última década: dedicado e onipresente na sede do consulado, na Avenida 1º de Maio. Impossível um gremista charqueadense não conhecê-lo, era uma das suas figuras mais públicas. Todo, absolutamente todo o dia de jogo do Grêmio, o Alveri estava lá, abrindo o consulado, mesmo se a partida fosse transmitida ao vivo pela TV aberta. Nesses dias, ia uma meia-dúzia de tricolores na sede, eu entre eles. Gostava do ambiente, de torcer tomando uma cervejinha com outros torcedores, e isso era propiciado pelo Alveri, que nunca falhava e, por isso, era um dos maiores responsáveis, junto com outros gandes gremistas locais, pelo sucesso do consulado.

Sua dedicação ao funcionamento da sede era tal que ele não ia nos jogos do Grêmio, permanecia em seu posto, recebendo os tricolores locais que não estariam presentes no Olímpico ou na Arena. Eu seguido ia nos jogos, as excursões saíam sempre do consulado, outras vezes ficava por lá, também. O ambiente era ótimo. Alveri era o capitão da sede, o camisa 10 daquele espaço de interação social da gremistada. Puxa vida, vai fazer uma falta danada. Nem sei como será, depois que essa pandemia passar, ir no consulado assistir um jogo e não encontrar o Alveri por lá.

Mesmo na pandemia, ainda era o rosto mais presente do Grêmio no dia a dia, cobrando as mensalidades do consulado e entregando o brinde de final de ano - em 2020 foi uma cuia personalizada. O Grêmio é uma paixão esportiva do tamanho do Rio Grande que se espraia pelo Brasil e pelo mundo, conhecido e respeitado, mas nas cidades a sua cara é a dos torcedores que se reúnem para torcer na sede ou nas excursões.  E, no destaque, a dos cônsules e consulesas, que são a referência gremista municipal. Alveri era uma grande referência aqui em Charqueadas.

Todo mundo morre um dia, morrer é a única certeza que temos nessa vida, dizem. Sim, isso é verdade. Dizem também que ninguém é insubstituível. Isso já é uma meia verdade, pois se é fato que a vida continua sem a gente, também é fato que a marca de algumas pessoas é muito particular, a tal ponto de dizer que a vida seguirá, inexoravelmente, mas não da mesma forma que era antes. Alveri era parte importante do Imortal Tricolor e, agora, será um dos tricolores imortais na lembrança de muita gente que o conheceu em vida, para além de seu núcleo familiar e amigos próximos. O meu parente disse, em sua ligação: - João, não sei se o Grêmio saberá o que perdeu, se terá a dimensão da importância do Alveri para ele. Verdade, pode ser. Todavia, nós, gremistas de Charqueadas, sabemos exatamente e não esqueceremos.

Fica gritando "feito" aí no céu azul, grande gremista.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 13/05/2021
Alterado em 14/05/2021
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