João Adolfo Guerreiro
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Agnaldo Timóteo

Num domingo, 1º de outubro de 2017, assisti show de Agnaldo Timóteo no Teatro do Bourbon Country, em Porto Alegre. Choveu muito naquele dia, baita temporal, chegou a faltar luz no shopping antes do show. Agnaldo, de galhofa, entrou de guarda-chuvas no palco e disse que quase não saiu do hotel.

Levamos minha sogra, sua fã, para conhecer o ídolo. Aliás, cabe ressaltar que a senhora que aparece na foto acima, tirada naquela oportunidade, não é a minha sogra, mas uma idosa de 99 anos que, mesmo debilitada por um AVC, fez questão de ir vê-lo pela primeira vez. Fiquei impressionado com a força e a vitalidade de sua voz aos 81 anos. Ele cantou sentado durante a maior parte do tempo, alegando que, se sua voz ainda era a mesma, as pernas já não possuíam o vigor de outros tempos. Muito comunicativo e a vontade, conversou bastante com o público entre as canções, deixando a apresentação com um ar de festa de família ou encontro de amigos. Contou sobre o tempo em que trabalhava como metalúrgico em Minas Gerais, seu estado natal. Disse que decidiu partir para a carreira artística e foi para Belo Horizonte perseguir seu sonho.

A certa altura conheceu a cantora Ângela Maria, que o empregou como motorista. Falou muito bem dela, demonstrando grande afeto e gratidão pela artista. "Devo muito a essa grande mulher" - disse. Contou que Ângela, já nacionalmente conhecida, era uma pessoa simples e generosa que o tratava muito bem. Sempre comiam juntos nos restaurantes das cidades onde havia shows. Foi ela, inclusive, que deu o grande impulso para que sua carreira decolasse. Também mencionou que se sentia artisticamente sozinho, pois vários colegas de profissão contemporâneos seus já haviam morrido. Destacou sua afinidade com Cauby Peixoto, falecido em outubro do ano anterior, cantando algumas canções em dueto, utilizando a voz de Peixoto editada. Inesquecível aquele show de um grande intérprete da música popular brasileira. - MPB.

Agnaldo morreu no sábado passado, aos 84 anos, de Covid-19, após ser internado em 17 de março, dois dias após tomar a segunda dose da CoronaVac. Foi muito azar. Encerra-se um ciclo da MPB. Partiu para junto de seus amigos Cauby e Ângela, falecida em setembro de 2018.


Leia mais:
"A luz do cabaré já se apagou em mim" - https://www.portaldenoticias.com.br/ler-coluna/765/ldquo-a-luz-do-cabare-ja-se-apagou-em-mim-rdquo.html

Ouça mais:
"Tango pra Tereza" - https://www.youtube.com/watch?v=co-mEaph52E
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 05/04/2021
Alterado em 07/04/2021
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