João Adolfo Guerreiro
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Marielle Franco, três anos

Porto Alegre, 14 de março de 2018, 23h15min. Saio da Arena Grêmio e pego um táxi em frente ao estádio rumo à rodoviária, antes do final do excelente show de Katy Perry, pois o último ônibus para Charqueadas era às 23h30min. O motorista está com o rádio ligado numa estação AM. "Tu tá ouvindo? Mataram uma vereadora no Rio de janeiro hoje". "É mesmo?" - respondi. "Sim, uma vereadora do PSol". Nunca antes ouvira falar em Marielle Franco, nunca mais pararia de ouvir falar depois.

Mulher, negra, favelada, bissexual, socióloga, ativista social e vereadora, uma cidadã brasileira executada em pleno exercício do seu mandato parlamentar, aos 38 anos, junto com o motorista Anderson Gomes (39), tudo indica que pelas milícias cariocas. Entretanto, passados três anos de sua morte no domingo passado, ainda aguarda resposta a pergunta: Quem mandou matar Marielle? O caso, atraído para o vórtice do acirramento político brasileiro que caracteriza o atual período de ódio e intolerância, gerou muita polêmica. Sim, incrivelmente teve quem se sentisse contrariado pelas manifestações contra o assassinato da vereadora e de enaltecimento de sua memória política.

Um dos fatos mais marcantes e de maior repercussão nesse sentido ocorreu em outubro de 2018, na cidade do Rio de Janeiro, durante um ato político em favor da candidatura à governador de Wilson Witzel (PSC), no segundo turno. Nele, os deputados eleitos pelo PSL Rodrigo Amorim (estadual) e Daniel Silveira (federal) quebraram uma placa que homenageava a vereadora. Silveira é o mesmo que foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, por determinação do STF avalizada pela Câmara dos Deputados, por defender o AI-5 e fazer discurso de ódio contra os ministros do Supremo.

Por outro lado, Marielle foi homenageada no Carnaval 2019 pelas escolas de samba Mangueira (RJ) - foto acima -, Vila Isabel (RJ), Vai-Vai (SP), Pérola Negra (SP) e, em 2020, pela Tom Maior (SP). O legado de Marielle Franco permanece, pois as balas que calaram sua voz na cidade do Rio de Janeiro tornaram suas palavras e sua luta mensagem e exemplo para o país e o mundo, simbolizando a atuação contra a violência, o preconceito e a exclusão social e em favor da vida, da paz, da democracia, da igualdade e da tolerância.

É lugar comum escrever isso, mas, de fato e indiscutivelmente, Marielle Franco vive.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 18/03/2021
Alterado em 18/03/2021
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