João Adolfo Guerreiro
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Crônica do presépio de Natal

Sabiam que, pela tradição portuguesa, o presépio é montado no início do Advento de Natal - quatro domingos anteriores a 25 de dezembro -, mas o Menino Jesus somente é colocado na manjedoura na noite de Natal, após a Missa do Galo? E que ele é desmontado em 6 de janeiro, Dia de Reis? Pois é, seja como for, o que penso é que o presépio é o símbolo que melhor representa o evento natalino: o nascimento de Jesus. Por isso deixei para falar dele hoje, no dia de Natal.

Tem-se que o primeiro presépio de Natal foi uma encenação em argila do nascimento de Jesus como descrito nos Evangelhos, que São Francisco de Assis fez em 1223. Ali está Ele, o Salvador, o Filho de Deus, nascendo numa estrebaria, colocado numa manjedoura, filho de pais refugiados e cercado dos bichos e das pessoas simples. Os Reis Magos, seguindo a luminosidade da Estrela de Belém. Tudo bastante representativo sobre a serviço de quem ele vinha e para quem sua Palavra seria voltada, contrariando os poderes temporais do mundo que, sim, deveriam se render à sua mensagem de amor caridoso.

No presépio não há pinheirinho, não há Papai Noel, luzinhas, nada. Só o recém-nascido e sua grandiosa e exemplar simplicidade. Não estou escrevendo contra os outros símbolos e costumes de Natal, bem capaz, apenas ressalto o sentido específico da data, seu significado e importância. Aquela criança mudaria o mundo, espalhando sua Palavra por todo o planeta. Incrível isso, não? Que lição sobre o que é verdadeiramente importante nessa vida, não é mesmo? Sobre qual a verdadeira riqueza que o ser humano possui, né? 

Mesmo que o 25 de dezembro seja uma data convencionada, eis que não mencionada na Bíblia, o certo é que Jesus nasceu e permaneceu entre nós tempo suficiente para fazer a vontade do Pai. Quase tudo referente ao Natal é construção histórica erigida ao longo dos séculos e milênios, com expressões diversas em diferentes países e continentes, adequando-se à culturas distintas. No Nordeste brasileiro, por exemplo, em vez do curral ou estrebaria, tradicionalmente usa-se a "lapinha". Por isso que em Noite Feliz há o verso "eis na lapa Jesus, nosso bem". Ela consiste numa grutinha ou em um altar de três degraus (a "escadinha").

Todavia, penso que o presépio, por ecoar o relato bíblico, é a síntese adequada da vinda de Cristo, independentemente de suas versões. Feliz Natal.


OBS - Crônica publicada dia 25 de dezembro de 2020 no site do jornal Portal de Notícias.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 24/12/2020
Alterado em 25/12/2020
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