João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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"Meus discos, meus livros e nada mais"

Eu quero uma casa na praia, não no campo, Zé Rodrix. Lembrei dessa canção dele, Eu Quero uma Casa no Campo, pois coloquei meus discos pra rodar hoje. Ouvi-os pela manhã na biblioteca, entre meus livros. "Meus discos, meus livros e nada mais" - canta o Zé. "Nada mais?"

Não, aí não, né, Zé. Tem os amigos - dos quais a canção fala - e a família da gente. Uma casa na praia onde eu receba a família, claro. Família é quase tudo, ainda mais nesse período de Natal. Ah, eu não quero "carneiros e cabras", mas sim gatos e cachorros, miando, latindo e defecando no pátio pra mim limpar. O que é a vida sem um gato miando que quer comida? Sem um cachorro latindo pra quem passa na rua? Uivando? Sem juntar um cocô no pátio? Ah, bem capaz que eu trocaria tudo isso por "carneiros e cabras".

Coloquei primeiro o In Through the Out Door do Led para ouvir, meu disco preferido do Zeppelin. Fui direto pro Lado B e esutei duas vezes. Que sequência: Caroseulambra com seus encantadores timbres de guitarra espalhados por 10 minutos, a maravilhosa e perfeita All My Love e I'm Gonna Crawl com seu solo de guitarra inspiradíssimo e muito bem interpretado por Page. Esse Long Play (LP para os amigos e play para os íntimos) está inteirinho, a agulha corre limpinho e sem chiados pelo vinyl. Só não tem as seis capas do original, é um relançamento desses que fazem atualmente. Depois um Led IV que eu comprei uns anos atrás, esse meio baleado. Deu umas puladas em Black Dog e depois trancou lá em Stairway to Heaven. Nada que um cara da velha guarda roqueira como eu não tire de reverse bend. O outro lado tá legal.

Tenho também o Physical Graffiti deles, um relançamento legal, com as janelas da capa vazadas, tu podes mudar a posição dos encartes internos e alternar as pessoas nas janelas do predio antigo. Esse eu não ouvi todo, é um play duplo, só o lado B do disco 1, onde tem Houses oh the Holy, Trampled Under Foot e Kashmir. Possuo ainda LPs como Sgt Peppers (Beatles), Thriller (Michael Jackson), Made in Europa (Deep Purple), Woodstock (trilha sonora do filme) - presente da chefia -, O Papa é Pop e Várias Variáveis (Engenheiros), Sob o Sol de Parador (Lobão), o primeiro compacto de Os Replicantes, Vertente (Carlos Patrício), Íntimo (Alberto André), uma trilha sonora da novela Pai Herói e um Lee Original Country Music - que vinha de brinde se tu comprasse calças Lee no início dos anos 1980.

Esses eu destacaria, sobras do tempo do auge dos LPs. Guardo mais alguma coisa, claro. Uns bem legais, alguns só a capa - os encartes biográficos são simplesmente maravilhosos -, da coleção Nova História da Música Popular Brasileira, do final dos anos 1970, que minha mãe colecionava. Possuo os fascículos do Ismael Silva, Vicente Celestino, Martinho da Vila, Carnaval, Assis Valente, Haroldo Lobo, Lamartine Babo, Pixinguinha, Herivelto Martins, Custódio Mesquita e Joubert de Carvalho. Tenho um da Mireille Mathieu, francesa que canta muito. O Gaita Ponto, primeiro do Renato Borghetti. Um chamado De Coração à Coração, com a Lady Francisco na capa, e outro intitulado Os Motokas: As 30 Mais vol. 9, com a Myrian Rios - foto acima - como modelo.

A Lady Francisco eu reconheci de cara, já a Myrian Rios eu fiquei na dúvida, mas era ela, em 1978, aos 19 anos. Tu sabes quem são elas? Não? Olha, essa crônica é para iniciados da velha guarda. Só vou te dizer que o Benito di Paula dormiu o ano inteiro em Retalhos de Cetim pela Lady e que a Myrian é "a garota papo-firme que o Roberto falou". Eram atrizes globais do século passado. Por último, o meu pai gostava de discos de humor - chegava a levar para as festas para os outros ouvirem - e tinha os do Ary Toledo, da Dercy Gonçalves (muito bagaceiro, eh eh eh eh) e o do Costinha, o grande sucesso O Perú da Festa, de 1981. Esse último eu herdei e ainda está comigo.

Pois é, numas assim vou rodar alguns desses LPs no Natal, com a família, os gatos e os cachorros, aqui em casa, que não fica na praia e nem no campo. Menos o play do Costinha, esse sem chances, é muito pesado e eu não tenho a personalidade descolada do meu pai.



João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 17/12/2020
Alterado em 17/12/2020
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