João Adolfo Guerreiro
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Anjos da Saúde

Tenho rezado todos os dias pelos profissionais da saúde que, em seus locais de trabalho, arriscam as suas vidas e saúde - e a de suas famílias - pela vida e pela saúde das pessoas que deles necessitam. Dentre esses, estão os médicos e as médicas, que tiveram o seu dia comemorado ontem.

E a realidade do risco de vida que os trabalhadores e trabalhadoras da saúde correm no exercício de sua atividade profissional no Brasil, durante a pandemia pela qual passamos, pode ser verificada pelos números. Em termos proporcionais, conforme matéria do repórter Jonas Valente, da Agência Brasil, publicada em 24 de agosto de 2020, "entre as mortes em decorrência da covid-19, as categorias mais vitimadas foram técnicos e auxiliares de enfermagem (38,5%), médicos (21,7%) e enfermeiros (15,9%). Já entre os casos, os mais atingidos foram técnicos e auxiliares de enfermagem (34,4%), enfermeiros (14,5%), médicos (10,7%) e agentes comunitários de saúde (4,9%)". Na situação específica dos médicos brasileiros, podemos acessar dados mais atualizados do Sindicato dos Médicos de São Paulo Simesp.

A jornalista Patrícia Pasquini, da Folha de São Paulo, publicou no dia 17 de outubro de 2020 a reportagem intitulada "No dia do médico, profissionais relatam montanha-russa com a pandemia de Covid-19", onde apresenta os números nacionais levantados pelo Simesp entre 17 de março e 9 de outubro de 2020, indicando um total de 265 médicos mortos por Covid-19 no país; destes, 32 vítimas fatais mulheres e 233 homens.

Estratificados por estados, Pasquini nos informa que a maior quantidade de óbitos desses profissionais ocorreu em "SP - 59, RJ - 40, PA - 27, PR - 13, RN - 12 e MT - 11". Por "faixa etária: 20 a 40 - 18, 41 a 60 - 70, mais de 60 - 124, não informado - 53".  Já "por especialidade médica: ginecologista/obstetra - 29, clínico Geral - 24, pediatra - 26, ortopedista e traumatologista - 22, cardiologista - 24, cirurgião - 14, anestesiologista - 14, radiologista - 6, oftalmologista - 6, urologista - 5, gastroenterologista - 3, geriatra - 3, psiquiatra - 6, reumatologista - 2, neurologista/neurocirurgião - 6, médico de família e comunidade - 3, infectologista - 4, cirurgião plástico - 2, intensivista - 2, angiologista - 2, pneumologista - 3, endocrinologista - 3, hematologista - 2, proctologista - 1, médico do Trabalho - 1, dermatologista - 1, otorrinolaringologista - 1, nefrologista - 1, endoscopista - 1, epidemiologista - 1, socorrista - 4 e não informado - 43".

Muitos - e eu me incluo nesses - consideram os profisionais da saúde anjos de carne e osso. Já disse e repito: Deus age no mundo através de nós, nós somos os instrumentos de seus milagres. E, principalmente no SUS, esses profissionais exercem seu ofícios de maneira heróica, muitas vezes sem as condições ideais para eles e seus pacientes. Deveriam esses trabalhadores ter o reconhecimento salarial, trabalhista e previdenciário condizente com a real importância de sua função social, eles que trabalham na fronteira final onde o término e a continuidade da existência humana é cotidianamente tensionado, caso a caso.

Nossa consideração, respeito e gratidão a todos os médicos e médicas pela passagem do seu dia, ocasião em que enaltecemos a memória dos que tombaram lutando pela vida das pessoas. Deus abençoe, ampare e proteja todos eles, hoje - no seu dia - e sempre.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 19/10/2020
Alterado em 19/10/2020
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