João Adolfo Guerreiro
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Eddie Van Halen: 1955 - 2020

Eu era um garoto que ouvia AC/DC e Led Zeppelin e vibrava com Jimmy Page e sua guitarra de dois braços, seu arco de violino, seus slides, bends e afinações alternativas. Ah, a guitarra dos anos 1970! Então chegou Eddie Van Halen e eu me senti como o George McFly em De Volta Para o Futuro (1).

Era início dos anos 1980 e a primeira vez que ouvi Eruption (2) fiquei perplexo, estupefato, maravilhado, encantado, abismado, sem reação, boquiaberto e qualquer outro adjetivo que tu lembres aí: "O que é isso, Deus do Céu?!?!?! É uma guitarra? Não pode ser uma guitarra!" Mas era. Eddie Van Halen fez a geração do início dos anos 1980 saber o impacto acachapante que Jimi Hendrix causara nos jovens no final dos anos 1960. Surgiram outras feras na época, como o sueco Yngwie Malmsteen, mas ninguém se comparou a Eddie.

Hoje todo jovem que curte guitarra está mais do que familiarizado com o que ficou conhecido como a guitarra hiper técnica dos anos 1980, que rende seus frutos até nossos dias de fritadores em série. Entretanto, no início daquela década, isso era uma novidade total, um som originalíssimo, e Eddie Van Halen foi o cara que veio com isso. Não eram apenas as técnicas, era a construção da guitarra, os timbres, tudo junto convergindo para algo inédito e nunca "ouvisto". A profusão de tappings, harmônicos artificiais, a velocidade e a destreza, os timbres carregados de ambiência e de flanger, mas bah, aquilo foi acachapante para os ouvidos virgens e indefesos. 

Essa guitarra com a qual ele está na foto acima, a "Frankenstein", que Eddie mesmo fez, misturando num único instrumento características das Gibson e das Fender e trazendo inovações, isso foi o máximo. Eddie van Halen foi o máximo, ele foi O cara, O guitarrista. E ainda deu uma canja antológica de graça no que viria a ser o disco mais vendido de todos os tempos, Thriller (1982), do Michael Jackson, onde gravou o solo de Beat It (3), de prima, já no primeiro take - só o solo da canção é dele, o riff e as bases são do Steve Lukather, do Toto, muita gente não sabe disso. Eddie Van Halen foi o grande guitarrista do mundo do rock e da história do instrumento, ao lado - não atrás - de Hendrix.

Nasceu na Holanda e veio para os Estados Unidos junto com os pais e o irmão, Alex, que tocava bateria no Van Halen, grupo que iniciaram nos final dos anos 1970 e que os levaria à fama mundial. Um amigo meu lá de São Gabriel, o Ricardo Paranhos, foi no show do Van Halen em Porto Alegre, no Gigantinho, em 1983, e disse que foi inesquecível, que os caras tocaram com muita vontade, estavam no auge. Está entre os melhores shows que ele assistiu - e olha que o rocker já foi a muitos.

Pois Eddie morreu na terça, aos 65 anos, de câncer. Soube quarta pela manhã, um amigo me falou pelo messenger, mas como fez uma piada, achei que era pegadinha. Apenas hoje confirmei a noticia. com o meu cunhado, jogando conversa fora. Mas bah, o Eddie Van Halen morreu! A minha geração está passando o bastão, mesmo. Artista fenomenal, tive o privilégio de ser contemporâneo de sua passagem por esse mundo. Ouví-lo no início dos anos 1980 era algo muito emocionante, abalava os sentidos. Impossível para quem já pegou uma guitarra nas mãos não ser tocado por sua morte. O Jimmy Page ainda está vivo, com 76, vovô do rock. Fechou um capítulo da história da música popular contemporânea e uma era para o rock.

(1) - https://www.youtube.com/watch?v=BaYADHcpdng
(2) - https://www.youtube.com/watch?v=M4Czx8EWXb0&feature=emb_logo&fbclid=IwAR13KLf9DIRlcP3p7duUBz6ZcW5wkuZ7xFHFEL4RXraO0RnqIyleA8cEOVI
(3) - https://www.youtube.com/watch?v=LbvYad6Efxg
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 08/10/2020
Alterado em 08/10/2020
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