João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Textos
O futebol nos tempos da pandemia:
final do GAUCHÃO, o campeonato mais difícil do mundo

Desde o fim de março que não assisto mais nenhum jogo de futebol. Essa situação me tirou totalmente o prazer e o tesão para tal. Como vibrar com um gol ou título sabendo de tanta gente que sofre, que chora e que morre, todos os dias? Que temos 115 mil vítimas fatais em nosso país, número que continua a crescer? Mas não estou aqui querendo dar lição de moral para ninguém - com que direito faria isso? -, apenas compartilho o que se passa em meu coração. Cada um sabe como passa, em sua intimidade doméstica, por esse momento dramaticamente único e tão acima de todos nós.

Até onde eu sabia, o Gauchão fora encerrado e o Caxias declarado campeão de 2020. Qual não foi minha surpresa ao perceber que estava errado, ao ver o certame regional continuar, agora? Achei bizarros esses grenais pelo regional ocorrerem. Aliás, a última vez que escrevi sobre futebol aqui no Portal foi dia 13 de março, justamente sobre aquele, por outros motivos, igualmente bizarro Grenal de 0x0 pela Libertadores, recheado de pouco futebol e muita violência dentro e fora dos gramados. Não fui naquele jogo, pois a pandemia iniciava e entendi não ser prudente ir a uma aglomeração daquelas. Não perdi nada, só ganhei. E vejam que o meu sonho era presenciar um primeiro clássico histórico pela Libertadores, tinha ingresso na mão.

Todavia, nessa bizarrice que é ter futebol enquanto milhares de brasileiros e gaúchos morrem todos os dias por Covid-19, uma única vantagem eu vejo nisso tudo: as pessoas, principalmente os jovens, ficam mais em casa no dia do jogo, assistindo-o, e isso ajuda a evitar o espalhamento pois, pelo menos por enquanto, impera o bom senso de não se permitir torcida nos estádios - e alunos nas escolas! Os jogadores, esse povo saudável e vigoroso na faixa dos 20 anos, parecem blindados contra os efeitos mais graves da doença e, além disso, os clubes fazem testes antes dos jogos e isolam os casos positivos. Do total de 3.161 óbitos no RS, apenas 29 gaúchos dessa faixa etária - abaixo dos 30 anos - estão entre as vítimas fatais, conforme a Secretaria Estadual da Saúde. Se contaminam e espalham o vírus mortal, mas muito poucos morrem. Acima de 50 anos, são 2.865: 50/59 - 365; 60/69 - 709; 70/79 - 845; e 80 ou + - 946. E estamos com um índice de contágio de menos de 2% da população, nesse momento.

Hoje pela manhã assistia o Bom Dia Rio Grande da RBS e, além do foco na baixa de internações hospitalares por Covid-19 em Porto Alegre - as medidas de isolamento social e cuidados tem dado algum resultado -, destaque para o primeiro jogo da final do Gauchão, esse que considero o campeonato mais difícil do mundo - quem me acompanha aqui no Portal sabe os motivos -. Estava lá a jovem e bela repórter esportiva, tota catita, saudável, de máscara, no estádio Centenário vazio, não fosse por dois quero-queros ao fundo, falando sobre Caxias x Grêmio, hoje, às 21h30min, em tramissão direta pela emissora. Eu seria hipócrita se dissesse que a matéria não chamou minha atenção e que, junto com as alentadoras notícias sobre a pandemia, não fez minha manhã melhor. Alívio imediato. Paliativo. O que o futebol é além disso, para aqueles apaixonados que não o tem, direta ou indiretamente, como fonte de renda? O futebol é totalmente dispensável e inoportuno nos dias que estamos vivemos, essa é a verdade. 

Tenho absoluta consciência de que nada mudou, de que ainda estamos numa situação de anormalidade, o vírus ainda circula, casos de contágio, internações e óbitos ainda são registrados em grande número e que não devemos facilitar as medidas de isolamento e distanciamento social, para que não tenhamos um recrudescimento do aumento de casos. Talvez até assista o jogo na TV, para ver como me sentirei olhando uma partida de futebol depois de tanto tempo, numa situação dessas. Sentirei-me culpado? Aliviado? Contrariado? Constrangido? Indiferente? Animado? Sei lá, se assistir, virei aqui relatar o que pensei sobre. O fato é que devemos continuar nos cuidadando para cuidar dos outros e sendo solidários.

Fiquem em casa, fiquem com Deus.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 26/08/2020
Alterado em 28/08/2020
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