João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Imagem - Tonho Oliveira 

Que pais é este?



Bom dia.

Que pais é este? Parece que a canção da Legião Urbana virou nosso hino extra-oficial e o brado retumbante de Renato Russo no refrão da mesma o dito de nossa bandeira. Um brado interrogativo, quase uma exclamação estupefata, não uma afirmação que delineia um norte. Afinal, como ter ordem e progresso num local onde o amor não é o princípio? Sim, porque a frase certa teria de ser "Amor, ordem e progresso ", baseando-se em como o filósofo positivista August Comte concebeu originalmente seu lema político: "L'amour pour principe et l'ordre pour base; le progrès pour but" - o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim.

"Nossos bosques tem mais vida, nossa vida em teu seio mais amores?" É mesmo? O desmatamento diminuiu no Brasil? O Brasil é o pais que mais cuida com amor da vida humana? É um dos que tem o menor número de óbitos pela pandemia que assola o mundo? A igualdade social e econômica está aumentando gradativamente? Enquanto a vacina ou tratamento eficaz não chegam, estamos criando um fundo financeiro suficiente para manter a população em casa, protegida da pandemia - com água, luz, alimento e medicamentos -, enquanto as pessoas dos serviços essenciais trabalham, evitando-se, assim, o espalhamento do vírus e protegendo a vida humana, o "bem" mais precioso que existe? Em suma, estamos buscando com amor a ordem e o progresso? Que país é este?

Não sei se nós, brasileiros e gaúchos, sairemos melhores ou piores dessa pandemia, se mais fortes ou mais fracos, isso depende de como cada um e de como cada família for afetada. Como uma pessoa sairá bem e mais forte dessa tragédia se perder pessoas centrais em sua família para a Covid-19, num país que fica economicamente cada vez pior para excluídos e vulneráveis, em termos de direitos e Previdência Social? Como país e estado é só ver o AGORA: estamos com o melhor e o pior aí, escancarado, à luz do dia. A questão é: qual vai prevalecer após tudo isso, pois vemos, ao lado de grandes exemplos de altruísmo e abnegação, a indiferença gananciosa pela vida por parte de uns e a ignorância por parte de outros grassando, o que revela uma indiferença social que sempre existiu, só que agora acontecendo em grande escala e num curto espaço de tempo, com um saldo gigantesco de vidas humanas perdidas. Muitas pessoas lidam com a ideia de "aprender a conviver com o vírus" colocando-se à mercê do mesmo, numa insensatez suicida e homicida tanto individual quanto social, como se pudéssemos voltar à normalidade anterior à março de 2020 "convivendo" (ou "con-morrendo", como as 72 mil vítimas ou mais, dada a subnotificação até de óbitos) com uma doença fatal para a qual não existe vacina ou tratamento.

É o absurdo, é o surreal, ou, como escreveu Conrad em O Coração das Trevas, é o horror. Aliás, é a treva! Tanto que o Brasil virou o Vale dos Leprosos do mundo contemporâneo, onde até os EUA (até os EUA!!!) proíbe a entrada de brasileiros em seu território e seu presidente nos usa como mau exemplo de combate à pandemia. Ah, a Itália (vejam só, a Itália!!!) seguiu o mesmo caminho. Ninguém vem aqui e ninguém nos quer fora daqui. Fiquem por aí, seus "covideiros" - parecem nos dizer! Isso está acontecendo agora. Estamos vendo em nossas cidades e pelo Brasil todo: ônibus lotados, pessoas sem máscara, aumento da circulação no RS verificado pela pesquisa da UFPel/Governo RS, justamente quando o contágio aumenta e pressiona o sistema de saúde no RS, faltando até remédios para intubar que são buscados, para tapar o sol com a peneira, nas veterinárias. Sobrará até para os pet's, ou melhor, poderá faltar até para eles. Remédios faltando e leitos hospitalares com altos percentuais de ocupação, e isso que ainda não chegamos a 1% dos gaúchos contaminados. 

Como estamos passando por isso? É justamente ao final, ao ver como passamos por isso, que saberemos se saímos mais fortes ou melhores de tudo isso. O que o pessoal tem de fazer é usar máscara, manter o distanciamento e FICAR EM CASA! Se não respeita sua vida, pelo menos respeite a dos idosos, dos doentes, dos pobres e dos profissionais de saúde que estão arriscando suas vidas por eles. Se não ajuda, não atrapalha. Deixe de ser assim tão egoísta. Principalmente se tu és jovem e se acha "blindado", pensando, talvez: "Ah, os outros que se cuidem". Nossos jovens foram criados por nossas famílias e pela sociedade. Todos eles. E como serão o nosso futuro, tem de ser nosso melhor futuro ou, pelo menos, a melhor e maior parte dele.

FIQUEM EM CASA, USEM MÁSCARA, para que a maioria das pessoas dos grupos de risco PASSEM por isso e para que, agindo bem AGORA, possamos, no futuro, ver que passamos por essa provação melhores e mais fortes como pessoas, como parentes e como cidadãos. Daí, sim, poderemos responder positivamente a pergunta: que país é este?

Não podemos deixar a pandemia tomar conta de nossas cidades.

Fiquem com Deus.

Abraço.



Texto publicado no site do jornal Portal de Notícias:  https://www.portaldenoticias.com.br/colunista/53/cronicas-artigos-joao-adolfo-guerreiro/
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 13/07/2020
Alterado em 13/07/2020
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