João Adolfo Guerreiro
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Quando até os números de tornam vítimas da insensatez que grassa

ONDE ESTÃO OS NÚMEROS?
Eis que fui na sexta-feira passada a uma página do Facebook ver a avaliação do dia e acompanhar os números oficiais da pandemia no Brasil, mesmo que subnotificados, mas eles não estavam ali.

A REALIDADE
Quando nem os dados mais são livremente divulgados, num Ministério da Saúde sem médicos e com militares, duas obviedades se impõe: 1 - o Brasil está indo conscientemente para o abismo da pandemia, o pior quadro possível, único no mundo, às cegas, para o povo não ver o horror; 2 - um regime autoritário já está em curso e o Estado Democrático de Direito agoniza. A extrema-direita neoliberal vai deixar o povo cego, entregue a própria sorte e a nossa democracia parece não possuir vigor suficiente para o salvar da tragédia humanitária na qual já embarcamos - quase uma Charqueadas de gente morta já, 38 mil óbitos! E ainda há quem minimize isso, num quadro de espalhamento viral em evolução!

Observo que as pessoas, no seu senso comum e no seu cotidiano, ainda não se deram conta do que isso significa, concretamente, enquanto tragédia humanitária que, mais do que se avizinha, a adentramos. O mundo já viu isso. Até o presidente dos Estados Unidos, vejam só, critica nossa "política sanitária" como agravante da pandemia: "Se tivéssemos feito isso, teríamos perdido 1 milhão, 1 milhão e meio, talvez até 2 milhões ou mais de vidas" - disse. O sr Donald Trump declarou isso!

PENSAMENTO ADAPTADO
Primeiro disseram para o povo que ele deveria ser terceirizado para ter emprego, e ele aceitou; depois disseram que ele deveria perder seus direitos trabalhistas para ter emprego, e ele aceitou; ato seguinte, disseram que se deveria parar com os investimentos em Saúde e Educação para se ter empregos, e o povo aceitou; disseram mais: que ele deveria escolher entre se aposentar ou ter emprego, e ele aceitou; agora, por último, se diz que, para se ter empregos, deve-se aceitar a possível morte em massa de centenas de milhares de idosos, doentes e pobres, grupos de risco que ficarão vulneráveis - os "fracos" -, além de algumas dezenas de milhares de pessoas saudáveis - os "azarados". O que o povo está dizendo, agora? O que o Brasil está dizendo?

INSENSATEZ
Não se assustem se alguns começarem a enaltecer, à luz do dia, sem qualquer constrangimento e ainda por cima evocando o direito democrático de opinião, o "lado bom" disso tudo, ou seja, absurdos como os empregos a serem gerados no setor funerário ou a diminuição de custos na Previdência Social. E, não bastasse isso, tanto apoiadores quanto opositores do governo federal, tomando as ruas, contribuem para o espalhamento do vírus mortal. É tão difícil ver que o vírus não tem lado e que o isolamento social de todos, independente da posição política, é vital? Mas tudo é ideologizado: vírus, pandemia, remédio e, agora, até os números, as novas vítimas da insensatez que grassa. Não fosse a decisão de um ministro do STF, estaríamos ainda os recebendo pela metade, mesmo que subnotificados. Como confiar nos números oficiais, nessa situação?

CONCLUSÃO
O Brasil parece estar num teatro de horrores de insensatez, de ignorância, de fanatismo, de intolerância, de ganância e de egoísmo sem limites, sem pudor, sem compostura e sem piedade alguma. O que nos resta fazer? A nossa parte: isolamento social, distanciamento social, máscara e rigor nos protocolos, enquanto sobrevivemos e aguardamos, esperançosos, uma vacina ou tratamento realmente eficazes que, pelo menos, nos liberte do vírus.

Fiquem em casa, fiquem com Deus.



Texto publicado no site do jornal Portal de Notícias: https://www.portaldenoticias.com.br/colunista/53/cronicas-artigos-joao-adolfo-guerreiro/
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 10/06/2020
Alterado em 23/06/2020
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