João Adolfo Guerreiro
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O sol brilha lá fora

Faz um dia lindo de sol. Não fosse pelo oculto espreitando pelas ruas, tal "como um aniMAL que ronda" da canção da Rosana, eu diria se tratar de um belo e normal dia de outono, ensolarado e com temperatura amena. Só que não. A gente sabe disso. "Quem vive, sabe", como disse a Clarice Lispector em A Hora da Estrela - eu gosto muito de citar essa frase, ela é ótima. E, muitas vezes, para a gente ficar vivo em determinados momentos, precisamos dos profissionais de saúde assim como precisamos do sol que brilha lá fora. E hoje, nessa Semana da Enfermagem, é o Dia Nacional do Técnico e Auxiliar de Enfermagem. Ontem foi o Dia Mundial do Médico de Família.

A Semana de Enfermagem foi criada por um decreto de 1960 do então presidente Juscelino Kubitschek, visando homenagear o nascimento da enfermeira ítalo-inglesa Florence Nightingale (1820 -1910) no dia 12 de maio - sobre o qual falamos na semana passada - e o falecimento da baianana Anna Nery (1814 - 1880, foto acima), ocorrido há exatos 140 anos, em 20 de maio. Contemporâneas, embora, ao que tudo indica, não tenham tomado conhecimento uma da outra, foram duas mulheres à frente do seu tempo, figuras ímpares e luminares precurssoras na história da enfermagem, tendo participado, respectivamente, das guerras da Criméia (1853 - 1856) e do Paraguay (1864 - 1870) no cuidado dos feridos. O Dia Nacional do Enfermeiro, 12 de maio, passou a ser comemorado em 1938 no Brasil, por decreto do presidente Getúlio Vargas; já a data comemorativa de hoje foi instituída pela Resolução 294/2004 do Conselho Nacional de Enfermagem.

Trago a lembrança de Anna Nery para homenagear todos os técnicos e auxiliares de enfermagem pelo seu dia, aproveitando para igualmente parabenizar os médicos de família. Vocês são imprescindíveis, sempre, e mais do que nunca agora, nesse momento sem prededentes para todas as gerações que vivem nesse planeta. Minha mãe vem enfrentando problemas de saúde do ano passado pra cá e passamos por uns três hospitais. Sou muito agradecido a todas as técnicas e auxiliares de enfermagem - e médicas - com as quais mantivemos contato, pois mais uma vez tive a consciência da importância dessas profissionais, que nessas ocasiões são o sol que aquece a esperança de vida em nós, tal como Anna na Guerra do Paraguay.

Fiquem em casa, só saiam por imperiosa necessidade, cuidem-se, usem máscara, lavem as mãos e mantenham distanciamento social visando não sobrecarregar esses profissionais e assim ajudando-os a salvar vidas e a não adoecerem, ofuscando a luz dessas pessoas abençoadas que se arriscam para nos salvar. Chegamos, ontem, infelizmente, à terrível e trágica marca de 1.179 óbitos notificados por Covid-19 no Brasil em apenas 24 horas (quando vimos tantas mortes assim, num único dia, por um mesmo motivo, no Brasil, antes?). Totalizamos 17.971 casos fatais, número maior do que a população de grande parte das cidades brasileiras, sendo que já somos o terceiro país na lista macabra de casos de Covid-19, com 271.628 notificações.

E, mesmo nesse quadro tétrico, ainda se vê gente andando sem máscara nas ruas, mesmo ela sendo obrigatória! O desleixo aumenta o espalhamento do vírus, o número de doentes e lota os hospitais, agravando a situação das pessoas, dos ténicos e auxiliares de enfermagem e demais trabalhadores e trabalhadoras da saúde. Devemos impedir que a situação de outros estados chegue ao Rio Grande, à Região Carbonífera e aos municipios que a compõe. Não piorem as coisas, não eclipsem o sol que brilha lá fora, trazendo trevas em vez de luz.

Que Deus proteja a todos.


Texto publicado no jornal Portal de Notícias: https://www.portaldenoticias.com.br/colunista/53/cronicas-artigos-joao-adolfo-guerreiro/
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/05/2020
Alterado em 23/06/2020
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