As compras nos tempos da covid-19
Copiei o título, claro, de O amor nos tempos do cólera, de Gabriel Garcia Marques. Entretanto, mais importante que o amor, numa pandemia como a que atravessamos, é o alimento. Até porque amar, tomado em seu aspecto de contato físico, pode ser perigoso, devido ao contágio. É uma triste realidade, fazer o quê, né?
Bom, para não romper o isolamento social, evitar o espalhamento da doença e a consequente morte das pessoas dos grupos de risco, procuramos aqui em casa uma alternativa à presença física no supermercado em que tradicionalmente comprávamos. Descobrimos um outro que efetua vendas online e entrega em casa. Já é a segunda vez que fazemos rancho lá.
No site, que não é lá muito organizado, mas que funciona, levamos em média umas três horas pesquisando, entre achar e escolher os produtos, fazer contato via whattsapp com os funcionários do supermercado, a fim de pedir produtos que não estão no site e fechar a compra. O atendimento é muito bom, eficiente mesmo, nota 10. Agora é esperar os produtos serem entregues.
Protocolos, cansativos e benditos protocolos, viva eles. Em primeiro lugar, toda a preparação para receber as compras: quem faz o quê? Eu recebo, pago e lavo tudo; minha esposa esteriliza carnes e verduras e guarda o que está higienizado. Bom, recebo os entregadores de máscara e luvas de borracha. São dois, um rapaz e uma moça. Ela fica no volante, ele entrega. Os dois com máscara. Gostei. Acomodo tudo na área da frente, pago com o cartão e pego a lista. Levo-os e coloco dentro de uma caixinha, fechados, para posterior higienização ou descarte. Volto e conduzo as sacolas de compras para os fundos, na área de serviço, que dá para a cozinha.
Em primeiro lugar, sacolas com carnes e verduras para minha esposa iniciar sua parte. Com água e sabão, começo a lavar tudo. A embalagem de plástico tem o perigo de ser uma superfície onde o coronavírus SARS-Cov-2 mais resiste, cerca de três dias. Por outro lado, é mais fácil "desativar" o vírus com água e sabão. É como lavar louça. A diferença é que vou deixando tudo ensaboado em cima de uma mesa, para enxaguar só ao final. Caixinha de leite é fácil de lavar, já caixa de ovos, com todas aquelas reentrâncias, exige mais tempo. Embalagens de arroz, feijão, açúcar, bolachas e similares são igualmente barbada, assim como toda as tipo garrafa ou assemelhadas, como os produtos de limpeza. Iogurte, margarina, manteiga, todo esse tipo de coisa também. Papel higiênico exige cuidado, pois se tu molhar o fundo ao enxaguar, atinge o interior. Nesse, sabão em toda a superfície, mas retira-se o sabão com um pano.
Bom tudo isso feito, começo a passar os produtos para serem guardados, enxaguando-os. Entre todo o processo, de receber as compras no portão e fazer tudo isso, duas horas - a higienização de carnes e verduras se estende um pouco mais. Sem contar o tempo posterior para lavar com sabão em pó o piso das áreas da frente e de serviço, colocar todas as sacolas plásticas de molho no sabão em pó no tanque, ensacar a roupa e tomar banho. Ah, ia esquecendo, antes do banho, atender os gatos, que miam insistentes à volta. Bichanos são muito bons nisso de lembrar você de que estão com fome.
Acharam exagero todos esses procedimentos? Fazem o mesmo? Pois eu tenho uma amiga que é muito mais rigorosa: ele vai ao supermercado, realiza as compras e faz tudo isso, com o adendo de, enxaguados os produtos, passar álcool gel em todos e os deixar cinco dias na rua, antes de colocar para dentro de casa. Essa sim, é precavida. Eu sigo as orientações sanitárias, que informam ser o sabão o melhor recurso para desativar o vírus e a forma de se proceder.
Bom, depois do banho tomado, aí é tempo de aproveitar e comer alguma coisa. Dá trabalho, mas todo o cuidado é pouco e, mesmo que possa vir a ser ineficaz ao final, é o recurso que temos e que pode fazer a diferença nesse momento. A covid-19 cresce no mundo e no Brasil e, os números o demonstram, de forma mais rápida por aqui. Assim, isolamento social e protocolos em dia se houver necessidade extrema de sair de casa ou de receber alguma compra.
Cuidem-se. Fiquem em casa, fiquem com Deus.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 29/04/2020
Alterado em 29/04/2020