Andando pela rua atrás de uma crônica

Acordei pela manhã com a mesma dúvida da noite anterior: o que escrever para o Portal? São tantas ideias, mas nenhuma dá aquele "tcham" que motiva o pontapé inicial. Crônica é cotidiano.

Levanto e saio para o pátio. Os cachorros vem fazendo festa, já os gatos miam com insistência, pedindo comida (gatos são muito bons nisso) e daí lembro que tenho de comprar ração para esse povo todo, pois as duas, rara coincidência, terminaram ontem. Cães e gatos... Não, não quero escrever sobre bichos hoje. Saio para a rua caminhando pelo sol de março que brinca no riso das manhãs charqueadenses. Aniversário da cidade... É só no final do mês. Rodeio já passou, Dia "Mundial" (não dá para falar o nome aquele em semana de Grenal histórico) da Mulher já passou também. São José é só dia 19.

Óculos escuros a proteger a vista, ando pelo centro em direção a antiga rodoviária atrás de uma crônica. "Quem não tem colírio usa óculos escuros", cantou o Raul. Raul!!! Raul? Raul... Não, também não. Uma pessoa está em frente ao supermercado olhando os obituários. Obituários... melhor outro assunto. Nada de novo no front até chegar na lancheria, pedir café preto com "alfação" e jornal. Jornal! Como não pensei nisso antes? Vamos ver o que tem aqui hoje para escrever sobre...

Coronavírus? Não. Ronaldinho preso? Não. Grenal? Essa anoto para sexta-feira, a fim de falar de outra vitória do Tricolosso na Arena. Ator Max Von Sydow (estiloso o nome dele, né) morre aos 90 anos? Sem obituários. Bolsonaro e Trump? Sem polêmicas. Maia rebate Guedes? Bem capaz! Governo não bancaria novo Fundeb? Dessa falarei noutra oportunidade, assunto importante. Santo do dia: Macário. Nunca ouvi falar, deixa pra lá. Hoje é dia do sogro e do telefone, sabiam? Chuck Norris nasceu hoje!!! Tá fazendo oitenta anos redondinhos. Mas agora não dá tempo de pesquisar e escrever algo legal, ficou muito em cima. O Wanderley Cardoso também nasceu hoje. Graham Bell realiza a primeira ligação telefônica, em 1876. Por isso a efeméride citada. Essa deixo para um longínquo 2026, quiçá.

Bom, chega o pessoal e começam as conversas habituais de sempre. Sexo oposto, futebol, causos do passado, do presente, eleições municipais (Ricardo x Rosângela x Davi x Simon x Tigrinho - faltou alguém?). Buenas, não me perguntem como, mas o bate papo chegou até mulher inflável. E um dos confrades (somos a Confraria do Café com Jornal sem Carro) relatou o acontecido há uns 15 anos na cidade de São Jerônimo... Disse que um cara foi lavar sua boneca inflável no tanque. Imagina, lavar uma boneca inflável no tanque da rua? É cada um que tem por aí. Então umas senhoras idosas, já falecidas, vizinhas do dito cujo, viram e acharam que o sujeito estava matando uma mulher nua afogada e ligaram para a Brigada. Os brigadianos vieram atender a ocorrência e, chegando na casa do suspeito, perguntaram sobre a mulher dele. Ele teria respondido: - Tá lá no varal, pendurada pelas orelhas. Os PMs foram conferir e viram a boneca secando. Eh eh eh eh eh, essa é boa, eu não conhecia. Se non è vero, è ben trovato. Vou escrever sobre ela!

Ih, mas já ficou muito grande esse texto. Pensando bem, já tenho uma crônica escrita, não é mesmo? Coisas do cotidiano, matéria prima mor de uma crônica. Fica assim. Boa terça-feira para todos.