João Adolfo Guerreiro
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A Cinemateca Capitólio é coisa nossa


(TEXTO ATUALIZADO para ser publicado no jornal Portal de Notícias [link ao final] nesta segunda-feira. O original saiu na sexta-feira aqui no Recanto das Letras.)



Um dos lugares mais legais de Porto Alegre para quem gosta de cinema e aprecia assitir filmes por fora da programação dos blockbusters mainstrean das salas tradicionais é indubitavelmente a Cinemateca Capitóilio, logo ali ao fim do viaduto da Borges, esquina com a Demétrio Ribeiro, rua histórica que vale uma caminhada num fim de tarde, antes de pegar um filme. Nesse mesmo sentido poderia citar também o Espaço Itaú - no Bourbon Country (onde podemos passar na Livraria Cultura), o Guion Center - no Centro Comercial Nova Olaria (onde funciona a Livraria Bamboletras, excelente), a Cinemateca Paulo Amorin e a Sala Eduardo Hirtz - na Casa de Cultura Mário Quintana e a Sala PF Gastal - na Usina do Gasômetro, essa última em processo de revitalização.

O que tem de diferente na Cinemateca Capitólio é que ela é um cinema antigo, de 1928, que, após 15 anos fechado, foi revitalizado e reinaugurado em 2015, por meio de recursos federais e municipais, como um importante equipamento público cultural portador de um vasto acervo cinematográfico. Semana passada fui lá conferir o filme O Farol, produção recente, em preto e branco. Tudo a ver com o local! A gente entra naquele espaço vintage e, ao assistir a um filme assim, nos sentimos no início do século passado... Como no final de dezembro quando, numa mostra de filmes lançados em 1939, o "ano de ouro do cinema", pude ver pela primeira vez na telona o grande clássico E O Vento Levou, assim como os portoalegrenses que, no mesmo local, há 80 anos, devem ter se maravilhado com o décimo terceiro filme produzido em cores na história do cinema. Só um espaço como esse pode nos remeter a tais pensamentos.

O que me leva a escrever sobre o Capitólio é a recente polêmica envolvendo a vontade da prefeitura da capital de terceirizar sua gestão, entregando-a a uma organização da sociedade civil, o que causou contrariedade de entidades culturais, sindicais, artistas e até mesmo de jornalistas que assinam colunas em jornais de circulação estadual. As questões a serem respondidas pela prefeitura, conforme os contrários, são referentes a como ficará a programação alternativa e artística do espaço e o controle e conservação de seu acervo nesse modelo que é, segundo esses, inadequado e inoportuno, tendo em vista que a Cinemateca apresenta uma das maiores médias de público da capital, ou seja, funciona a contento.

Sábado ocorreu um ato público na frente do Capitólio questionando essa alteração e defendendo que sua gestão continue pública. Entendo ser importante as pessoas que apreciam a cultura em geral e, especialmente a cinematográfica, fiquem atentas a essa situação, eis que esse equipamento público atende diretamente a nós da região metropolitana, devido a proximidade e facilidade de acesso e custo acessível. Cada espaço público é um espaço nosso e as mudanças em sua gestão podem afetar o conteúdo que nos é oferecido.



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João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 10/02/2020
Alterado em 10/02/2020
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