João Adolfo Guerreiro
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E as professoras disseram NÃO

Na terça-feira da semana passada fiz a seguinte pergunta aqui no Portal: "O magistério vai endurecer o jogo dessa vez, realizando um movimento paredista de peso?" Na terça dessa semana, na Praça da Matriz, em Porto Alegre, cerca de 15 mil professoras reponderam que sim, o que significou, simultanealente, um retumbante NÃO às alterações em seu Plano de Carreira, propostas pelo governador Eduardo Leite.

Mas a medida da adesão da categoria ao movimento paredista não se dá apenas pela multidão na praça. Embora os números do governo e do Cpers/Sindicato divirjam, como sempre, por qualquer lado que a vejamos já estamos diante da maior greve do magistério gaúcho em décadas: de mil a mil e quinhentas escolas total ou parcialmente paradas, numa paralisação que ainda dá sinais claros de crescimento, mesmo depois de (ou até mesmo por) o governo anunciar o corte do ponto das grevistas, uma ação passível de questionamento na Justiça.

Por outro lado, some-se que há um visível apoio dos gaúchos à causa das professoras, solidarizando-se à situação de pauperização, perseguição e esculhacho que a classe vem enfrentando. Um termômetro de tal apoio é o fato de 240 câmaras de vereadores enviarem à Assembléia Legislativa moções de apoio à greve e contra o pacotaço. Aliado a isso, a Famurs - Federação dos Municípios do Rio Grande do Sul, lançou documento indo pelo mesmo caminho. Como que sinalizado o ânimo dos deputados diante de todos esses fatos, a bancada do MDB, a maior da base governista, posicionou-se ontem contrária ao projeto como ele está, sugerindo um tempo maior para o debate, estendendo-o para o ano que vem.

A posição do partido tem o bom senso de perceber que o paçotaço do governo e a greve do magistério, essa ampliada pela adesão das demais categorias do funcionalismo a indicar uma greve geral deste, podem levar a um comprometimento do final de ano e das férias dos gaúchos, o que afetaria a economia como um todo e o setor do turismo em especial, num momento de crise, ocasionando mais estragos à população do que os recentes aumentos abusivos do preço da carne.

Claro que é um jogo que ainda está sendo jogado no primeiro tempo, pois a transferência do embate para o início de 2020 é uma medida mais favorável ao governo, eis que a pressão do magistério, com as escolas em recesso, será quase nula. Todavia, o que se vê é que a sociedade gaúcha parece entender a importância das professoras para a qualidade da educação pública que serve a seus filhos, sendo, assim, sensível a sua luta pela manutenção de direitos e indicando que não concorda que sejam sacrificadas ainda mais em nome do ajuste fiscal do estado.

Acompanhemos o andar da carruagem e o balanço das melancias.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 28/11/2019
Alterado em 28/11/2019
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