Tex chega a seu 600° número no Brasil
Comprei na sexta-feira, na Tacaria Ponto da Sorte, que fica no Clube Tiradentes, em Charqueadas, a edição 600 da HQ Tex Willer, o ranger e agente indígena cujas aventuras são ambientadas no Arizona dos tempos do Velhor Oeste. Um verdadeiro marco no mundo editorial dos quadrinhos no Brasil.
Na Itália, país de orígem, a personagem é publicada ininterruptamente há 70 anos, desde setembro de 1948, quando foi lançada, criação do roteirista Gian Luigi Bonelli (1908 - 2001) e do desenhista Aurelio Galleppini (1917 - 1994). Por aqui, o é mensalmente desde fevereiro de 1971, motivo pelo qual seu número 600 vem como edição especial comemorativa, à cores, já que Tex é uma HQ em P&B.
A história do Tex 600, O Ouro dos Pawnees, é assinada por Mauro Boselli (1953) e desenhada por Fabio Civitelli (1955). Nela, Tex reencontra Tesah, índia a quem salva em sua primeira aventura publicada na itália, O Totem Misterioso. Em 1971, quando ainda na Editora Vecchi, a primeira aventura de Tex não foi essa, mas sim O Signo da Serpente. Porém, além da edição colorida, esse gibi 600 vem com um brinde adicional da Mythos Editora Ltda, atual detentora dos direitos do ranger no Brasil: o "Tex" lançado pela Editora Globo em 1951. Confusos? Explico: naquele ano, a Revista Júnior n° 28 trazia "As aventuras de Texas Kid". Ora, esse não era outro senão Tex Willer, com o nome alterado, em sua primeira história italiana, O Totem Misterioso.
O que torna o brinde especial e histórico é que o mesmo é um fac-símile da Revista Júnior n° 28, que consistia, em seu formato, em uma edição do tamanho de um talão de cheques bancários, com 32 páginas, três quadros por página, tipo tira de jornal. Dessa forma errática, Tex seguiu até 1957 nas pradarias brasileiras. Após um hiato de 14 anos, surgiu na Vecchi com o seu nome original, como já contamos acima.
Leio Tex desde o final dos dos anos 1970, quando achei na casa de um primo no Bairro Sarandi, em Porto Alegre, um gibi de bang bang misturado com ficção científica, onde. numa cratera formada pela queda de um asteroide, surgia uma estranha flor. Só décadas depois, ao comprar num sebo a edição 65 de Tex - A Flor da Morte, eu identifiquei a minha primeira leitura texiana. Para surpresa de muitos antigos leitores dos anos 1970/80, o ranger ainda ocupa as bancas de revistas. Alguns amigos me veem com um gibi na mão e exclamam: "Puxa vida, Tex ainda é publicado!"
Bom, para quem quiser conferir como andam Tex e seus "pards" Kit Wliller, Kit Carson e Jack Tigre, tem ainda um exemplar lá na Tabacria. Em Porto Alegre tu encontras na rodoviária e nas bancas; aqui nas cidades da região não sei as livrarias que trabalham com Tex.
Texto publicado no site do jornal Portal de Notícias:
https://www.portaldenoticias.com.br/colunista/53/cronicas-artigos-joao-adolfo-guerreiro/