À Amazônia, pelo amor de Deus
Em 2017 o Papa Francisco convocou a realização do Sínodo da Amazônia. Em 2017, foi o que eu escrevi. Reforço isso para deixar claro que a pertinente preocupação papal, que se dirige especificamente a nove países da América do Sul que abrigam em seu território parte da Floresta Amazônica, não tem nada a ver com a conjuntura política brasileira, mas sim é uma faceta da preocupação histórica e global do Sumo Pontífice Católico com a vida em suas diversas formas, enquanto criação de Deus. Foi a situação brasileira atual, inclusive as recentes queimadas ocorridas na floresta situada dentro de nosso terrítório, que atravessou as ações de Roma, e não o contrário. Simples assim, óbvio ululante, como os fatos informam. Não briguemos com os fatos.
Abro a crônica para falar sobre o Sínodo da Amazônia com o parágrafo acima apenas porque, no "clima" em que vivemos no Brasil nos últimos tempos, alertar para isso se torna necessário. Entretanto, a boa nova é que no último dia 4, no Vaticano, ele iniciou em cerimônia simbólica conduzida pelo Papa Francisco. O Sínodo, que vai até o dia 27 e tem como relator-geral o cardeal brasileiro Cláudio Humes, reúne religiosos e indígenas dos países amazônicos em seus debates que objetivam, conforme a convocação em 2017, "identificar novos caminhos para a evangelização daquela porção do Povo de Deus, especialmente dos indígenas, frequentemente esquecidos e sem perspectivas de um futuro sereno, e também por causa da crise da Floresta Amazônica, pulmão de capital importância para o nosso planeta”.
A preocupação acerca dos problemas ecológicos e humanos da região amazônica exposta no documento de 80 páginas que é base para o encontro, elaborado pela assembléia de bispos latino americanos, ecoou a encíclica Laudato Sí, de 2015, onde Francisco afirma existirem "propostas de internacionalização da Amazônia que só servem aos interesses econômicos das corporações internacionais". Em sua homlia no dia 4, o Papa alertou também para novas formas de colonialismo que poderão degradar tanto a floresta quanto a vida humana em seu seio, priorizando apenas ganhos econômicos.
Em suma, o Sínodo é uma iniciativa da Igreja Católica que deve ser apoiada pelo conjunto da sociedade brasileira e também pelo mundo, eis que busca um espaço de paz e diálogo num planeta onde o conflito e a intolerância dia a dia ganham espaço. No meu ponto de vista soma pontos, com méritos de alcance situados para além do grupo religioso o qual representa, o Papa Francisco, enquanto líder mundial. E estamos precisando, em todos os setores, de líderes planetários com esse tipo de visão pacifista e de ação comunicativa pró ser humano e meio ambiente.
PS - A propósito de falarmos de uma iniciativa global católica, é igualmente oportuno mencionar que neste domingo acontecerá, no Vaticano, a canonização da brasileira Irmã Dulce, em cerimônia que será transmitida pela TV a partir da 05 horas da manhã.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 11/10/2019
Alterado em 11/10/2019