Despertai, há 100 anos testemunhando por Jeová
Eu já havia anotado a data para escrever uma crônica sobre determinada revista religiosa que conheço desde pequeno, mas estava na dúvida, por que outros assuntos também dariam uma boa pauta. Entretanto, numa tarde, umas quatro semanas atrás, estava eu a varrer as folhas no meu pátio quando ouvi palmas na frente da casa. Duas moças, pelo jeito, religiosas. Fui lá atendê-las.
Chegando perto, não tive dúvidas de que eram realmente religiosas. Uma de porte médio, loira, na casa dos trinta, e outra morena, baixa, na casa dos vinte e poucos. A loira se apresentou, sorridente e simpática:
- Boa tarde, senhor.
- Boa tarde.
- Qual o seu nome?
- João.
- O meu nome é Márcia e o dela é Kimberly. O senhor não gostaria de ser chamado por outro nome que não o seu, não é mesmo?
Achei que os nomes deviam estar trocados, pois a loira Márcia, tinha mais cara de Kimberly (não sei se é assim que se escreve) do que a morena. Assenti com a cabeça e ela continuou:
- O senhor acredita que Deus tenha um nome?
Hesitei um pouco, antes de responder:
- Ah, dão muitos nomes a ele, né, mas Deus É, tão somente.
- Então, deixa eu ler um trecho da Bíblia para o Senhor...
Márcia abriu, se não me falha a mémória (puxa vida, devia ter anotado isso) em Isaías 42, e passou o dedo por ele. Pensei que leria todo o capítulo para mim, mas se ateve apenas ao versículo 8:
"Eu sou Jeová. Esse é o meu nome"
- Viu, Ele possui um nome.
"Ah, elas são Testemunhas de Jeová" - concluí em pensamento. Era muita coincidência eu pensar em escrever sobre o centenário da revista deles, a Despertai, e elas terem vindo à minha casa.
- Sim, mas ele, quando Moisés perguntou como dizer quem Ele era para o povo, disse que era pra falar apenas que "EU Sou me enviou até vós" - retruquei, referindo-me ao Êxodo 3:14, apenas para estabelecer um diálogo interessado, eis que não pretendia fazer um debate com a moça, certamente mais versada do que eu no assunto, naquele momento.
Então me falou mais algumas coisas e me ofereceu uma revista, mas não a Despertai, e sim A Sentinela (*), que também é das Testemunhas de Jeová. Perguntou se eu já havia lido alguma.
- Ah, sim, muitas. Inclusive a Despertai faz 100 anos de existência por esses dias, não é mesmo?
As duas ficaram me olhando com cara de surpresa sem, entretanto, tirar o sorriso dos rostos.
- É? Não sabia - disse Márcia.
- Sim, parece que faz, daqui uns dias - concordou comigo Kimberly, o que foi sua primeira e única frase naquela conversa.
Márcia me deu a revista e perguntou se eu possuía uma bíblia em casa, dizendo que todas eram iguais.
- Ah, sim, tenho umas seis - respondi, sincero, sem querer chateá-la dizendo que, dependendo se fosse evangélica ou católica, teria algumas pequenas diferenças entre elas. Ela devia saber disso, obviamente, com certeza estava apenas falando em termos genéricos comigo.
Se despediram e seguiram adiante a Márcia e a Kimberly, sorridentes, educadas e simpáticas.
Bom, então eu resolvi descrever esse encontro para abordar de forma simples o centenário da revista bimensal de 16 páginas Despertai, publicada pela primeira vez em 1° de outubro de 1919 (com o nome de A Idade de Ouro) pelas Testemunhas de Jeová, grupo religioso criado nos Estados Unidos na década de 1870. Recordo bem dela e de A Sentinela (criada em julho de 1879), pois as via desde pequeno e gostava muito dos desenhos que aparecem na última, além de sempre achar as matérias da Despertai interessantes, tratando de temas atuais.
Despertai é a segunda revista não vendida de maior circulação no mundo, perdendo apenas para, justamente, A Sentinela. A edição número 3 de 2019 (imagem acima) teve uma circulação de 78.282.000 exemplares em 212 idiomas. Uau syl!
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(*) - Era a edição n° 1 de 2019, que justamente trazia em sua página 4 o título "Qual é o nome de Deus?", abrindo com a passagem de Isaías acima referida. O texto apresentava que, "na parte da Bíblia que foi escrita em hebraico", o nome de Deus era Jeová, versão portuguesa da palavra hebraica (língua que era escrita usando-se apenas consoantes) YHWH ou JHVH.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 01/10/2019
Alterado em 01/10/2019