João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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A Livraria-Que-Nem-Sempre-Abria está vazia

- Fechou de vez. Já faz um mês - disse-me a guria da cafeteria, que ali atendia.

Está vazia, A Livraria-Que-Nem-Sempre-Abria, restando tão somente a vidraçaria transparente e as paredes brancas ausentes, sem livros, só com rabiscos, letras pretas mostrando frases de escritores mortos e vivos. Ao fundo, abandonado, apenas o balcão, onde passei cartão, à vista ou parcelado, pagando tudo.

Muito livro ali comprei, de Harry Potter à Margaret Mitchell, da vida do Cristo à história de Jerusalém, das irmãs Brontë à Bukowski, de Sartre à Malinowski. Bíblia, caneta, marcador de texto, até o conto da filha do perneta nascida em ano bissexto e pintura à óleo feita ali mesmo. Agora não abrirá mais a Livraria-Que-Nem-Sempre-Abria, que era de todos os santos e de todos os literatos, cuja dona entendia do letrado, prestando atendimento personalizado.

Onde antes haviam estantes, repletas de livros, agora apenas o vazio dos vidros e a memória dos visitantes. Era certo que nem sempre abria aquela livraria, mas antes uma livraria sem dia nem hora marcada do que uma livraria fechada. Deu uma tristeza de olhar para aquele espaço em branco, espaço onde antes havia tanto...

Sempre que fecha uma livraria, a cidade fica mais pobre, pois mais rara fica a sorte, de encontrar em alguma página a sabedoria. Assim, lamente-se estar vazia a Livraria-Que-Nem-Sempre-Abria, fechada de vez, deixando também no vazio cada freguês, que em tardes ou noites de procura, conseguia unir o café à literatura, num espaço dedicado à cultura.
 
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 07/08/2019
Alterado em 07/08/2019
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