João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Sob o signo da Lua

Sou de uma geração, a que nasceu entre o final dos anos 1960 e início dos 70, que cresceu sob a égide de três grandes acontecimentos da contemporaneidade: o final da II Guerra Mundial, a Guerra Fria Nuclear (EUA x URSS) e a ida do homem à Lua. A mais recente e a de maior impacto positivo foi a última, que amanhã completa 50 anos.

Ser criança na década de 1970 era frequentemente ler e ouvir falar sobre a Apolo 11 e os astronautas Michael Collins, Buzz Aldrin e, principalmente, Neil Amstrong, que foi o primeiro homem a pisar na lua. "Um pequeno passo para um homem, um grande salto para a humanidade", teria dito Neil, ao colocar a sola da bota no chão lunar. Tudo, então, muito recente e muito fascinante. A humanidade em regozijo pelo feito dos Estados Unidos, um sonho e uma utopia de tempos imemoriais que, enfim, tornava-se fato. Se pararmos para pensar, mesmo hoje em dia, em que a relação do homem com o espaço já, de certa forma, se tornou banal, na magnitude que é para o homem ter ido à Lua, ficaremos maravilhados. Tá ok, sei que ainda não fomos aos pontos mais profundos do oceano, em pessoa, mas o nosso futuro não está lá, está no espaço.

O sistema solar, sabe-se hoje, não é para sempre. Estima-se que o Sol ainda dure uns cinco bilhões de anos. É muito tempo, nem dá para se ter uma noção quantitativa da dimensão disso. Todavia, é tempo, e o tempo passa. Logo, se não encontrarmos um outro planeta em um outro sistema solar, o fim do mundo chegará mesmo, inevitavelmente, e a humanidade terá o seu ponto final.

Nos anos 1970 não havia quem defendesse a tese de que a Terra fosse plana. Imagina, a Terra era redonda, ora pois. Não uma esfera perfeita, mas muito próxima. Por outro lado, era comum ouvir gente duvidando do pouso no nosso satélite natural, ah, isso havia quem dissesse, atribuindo tudo a uma montagem de Hollywod. Na atualidade, por incrível que pareça, ainda encontramos um percentual inacreditável de pessoas que acredita que a terra é plana. Num vídeo famoso que se encontra no You Tube, alguém joga água num globo e, quando ela escorre, afirma que isso prova que o planeta não é redondo. E o vídeo tem N curtidas, N compartilhamentos e N comentários concordando com a tese do terraplanismo! Como falar sobre a Teoria da Gravidade de Newton para um povo desses? Pensem, então, no caso do homem na lua?

Estamos na éra da pós verdade, como dizem por ai, ou seja, as pessoas tem a opinião delas e tal opinião é a verdade e pronto. Se aparecer um número considerável de adeptos, eis uma realidade incontestável. Claro que isso é a ignorância ao alcance de todos, ou, ironicamente, é "viver no mundo da Lua", conforme o jocoso ditado popular. E, por falar nisso, há quem cogite essa hipótese literalmente nos dias atuais, a de ter uma base na Lua. Mais: os Estados Unidos querem levar gente a Marte até 2035.

Por tudo isso, a minha geração é a que nasceu e cresceu sob o signo da Lua, da conquista do espaço enquanto realidade e viabilidade tecnológica. Logo, temos muitos motivos para, na noite desse sábado, olhar para o céu estrelado e refletir sobre a vida, o que somos, de onde viemos e até onde poderemos ir, enquanto humanidade, pois, para cada pessoa, o "para onde vamos" ainda é um mistério que somente na religião encontramos norte.
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 19/07/2019
Alterado em 19/07/2019
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