A Educação Brasileira e a Câmara Secreta O basilisco gigante está a petrificar professores e estudantes brasilianos, suas vítimas prioritárias
Há 55 anos, a Câmara Secreta fora aberta por Aquele-Que-Não-Deve-Ser-Nomeado, soltando o monstro que, por duas décadas e meia, assolou a produção livre e democrática do conhecimento na Terra Brasilis. Agora, em 2019, mais uma vez o espaço oculto e maldito foi destrancado e, novamente, o basilisco gigante e de olhos verdes está a petrificar professores e estudantes brasilianos, suas vítimas prioritárias, eis que agentes primais da construção do saber que liberta.
Assim, como já vimos em “Os Institutos Federais e a Pedra Filosofal”, Você-Sabe-Quem cortou 30% do orçamento previsto para esse ano dos institutos federais e das universidades públicas. E revelou sem peio algum o motivo para tal: uma suposta balbúrdia reinante! Acusou docentes de lavadores de cérebro e discentes de nudistas drogados, desta forma difamando genericamente a imagem da própria educação pública brasileira, esse oásis sueco em meio a etíope realidade de outros serviços, tanto públicos quanto privados, que mal atendem ao cidadão contribuinte e consumidor.
Logo, não se trata de um simples contingenciamento de verbas conjuntural visando enfrentar o déficit das contas federais, mesmo que se justificasse tal justo numa área prioritária para o desenvolvimento soberano da nação. Consiste, declaradamente, em ação tática dentro de uma estratégia de guerra político-ideológica, assim como, paradoxalmente, uma Revolução Cultural Chinesa, caçando “bruxos e bruxinhos”. As acima mencionadas casas de ensino médio e superior podem ser inviabilizadas.
Professores e estudantes foram às ruas protestar, enfrentando o basilisco e a fúria verborrágica de Aquele-Que-Não-Deve-Ser-
Nomeado, o herdeiro de Slytherin, criador da Câmara Secreta. Lorde Valdemort! É mister nomeá-lo, a fim de enfrentá-lo sem temer. Pelo banheiro alagado e assombrado por onde se tem acesso à Câmara, eles, “bruxos e bruxinhos”, munidos com o chapéu seletor da inteligência, hão de ir encarar a gigantesca criatura, tendo por armas a fênix do conhecimento e a espada da cultura, seguindo o caminho inverso ao trilhado pelas aranhas que fogem para floresta, morada dos que se escondem e se omitem.
Essa história encontra-se em branco nas páginas do diário...
“São as nossas escolhas, (...), que revelam o que realmente somos, muito mais do que nossas qualidades”.