João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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CAVALEIRO FARROUPILHA – “O personagem do quadro é o uruguaianense João Osório Marques Ribeiro (Fonte: Agenda Gaúcha 2005, de Dorotéo Fagundes. Ilustração: pintura a óleo do artista plástico Vasco Machado. Encomendas, sugestões e opiniões: tarca@calabria.com.br).

 

Texto retirado da coluna de
Antônio Bacamarte de 20.09.07
no Jornal A Região, devidamente autorizado.



Palavras de estância:


Revolucionários antigos tinham uma frase gloriosa: ‘Pelear é preciso; viver não é preciso’. Quero para mim o espírito dessa frase, transformada a forma para casar com o que sou: Viver não é necessário, o necessário é campear. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a minha alma a lenha desse fogo.”

 

Nesse 20 de setembro está chovendo. Seriam as lágrimas dos mortos da revolução a perguntar: Valeu a pena?

 

Bento Gonçalves morreu aos 55 anos, de pneumonia. Teve saudades da Triunfo natal e, na viagem, não resistiu ao frio e morreu no caminho de volta. Morreu pobre e abandonado o general. Restou-lhe a glória póstuma.
 

 

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Charque Gaúcho - Ó charque gaúcho, quanto do teu sal são lágrimas farroupilhas! Por te defendermos, quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó charque. Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena? Quem quer passar além do Equador, tem que passar além da dor. Deus ao charque o perigo e o abismo deu. Mas nele é que espelhou o céu?

 

PS - Tomo a ousadia de adaptar Fernando Pessoa (Palavras de Pórtico, Mar Português), a propósito do sentido da vida e da morte ligado a compromissos coletivos. Ele nasceu num 13 de junho, tal qual este Bacamarte.

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FARROUPILHAS? – Existem aqueles que sinceramente cultuam o ano inteiro a cultura estancieira do Rio Grande, do tempo que a metade Sul do Estado era o nosso centro político-econômico. Andam pilchados, freqüentam CTG, enfim, estão “sempre na lida”. Esses são os tradicionalistas autênticos! Mas tem gente que passa o ano inteiro curtindo rock’n roll e MPB e no desfile farroupilha sai “fantasiado de gaúcho”. Será que tem a ver? Os caras andam de calça de brim o ano inteiro, alguns nem bebem chimarrão e estão lá no dia 20, se equilibrando em cima de um carro alegórico como se estivessem num desfile carnavalesco. Buenas, talvez seja esse o espírito da coisa para algumas pessoas e eu é que estou aqui incomodando. Talvez o lance seja só comemorar o evento e aí o que vale é a intenção.

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JOSÉ MANUEL LEÃO – Em 18 de setembro de 1839, há 168 anos, o coronel de legião, destacado farroupilha de primeira hora e charqueador foi morto no campo de batalha, defendo sua propriedade às margens do rio Jacuí na atual cidade de Charqueadas (fonte: Pires, Saldino Antônio; 1986). A metade norte do Estado, onde ficava a ainda incipiente indústria gaúcha, não apoiou a Revolta Farroupilha. Inclusive dentre as tropas da “Mui leal e valorosa (assim denominada devido sua resistência contra os...Farrapos!) cidade de Porto Alegre” que atacaram a propriedade do coronel Leão estavam “voluntários alemães”, oriundos da região de São Leopoldo.

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PERGUNTO: De que lado ficariam os atuais “cultuadores carnavalescos” da Revolta Farroupilha se ocorresse uma outra revolta estancieira nos mesmos moldes? Estariam com Leão ou contra ele, hoje? Sei lá! Vá saber, não é mesmo? O que importa é que o Parque Farroupilha está grande e bonito em... Porto Alegre! Que o atual Movimento Tradicionalista Gaúcho tenha sua gênese no ano de 1947 com a criação de um DTG no Colégio Júlio de Castilhos, pelo “grupo dos oito”, em... Porto Alegre”! Que o MTG tenha apoiado a “paulista” Yeda nas últimas eleições para o Governo do Estado. E que toda a nossa elite cultural, política e econômica ridiculariza qualquer intenção separatista que pretenda algo como a República do Pampa
É oportuno citar, a propósito, que, embora tenham proclamado a República de Piratini, depois da Batalha do Seival – 1836, nem todos os líderes revolucionários eram separatistas ou republicanos federalistas. Historiadores afirmam, por exemplo, que Bento Gonçalves era um monarquista liberal e escravista.
Há controvérsias, claro. Pudera, foram anos controversos naquele Brasil Império: Cabanagem (Pará, 1835 -40), Farrapos (RS, 1835-45), Sabinada (Bahia,1837-38) e Balaiada (Maranhão, 1838-41).

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PORONGOS – Assim como os escravos do Norte dos Estados Unidos fariam 25 anos depois na Guerra da Secessão (1860), os negros das estâncias charqueadoras gaúchas lutaram ao lado dos seus donos, esperando pela liberdade. Os Lanceiros Negros lutavam com lanças e armas brancas, por não ser-lhes dadas armas de fogo. Eram parte da tropa de Antônio de Souza Netto, que era abolicionista. Ao final da Revolução, quando era tratada a Paz de Poncho Verde, uma das questões que entravava o acordo de rendição era justo o da liberdade dos escravos, não aceita pelo Império Brasileiro, representado pelo Duque de Caxias. Algumas versões dão conta de que, sob o comando de David Canabarro, eles foram colocados no Cerro dos Porongos (local situado no município de Pinheiro Machado) e foram-lhes retiradas as armas. Por “engano”, uma tropa imperial lhes atacou na noite de 14/11/1844, assassinando-os. Quando vejo, atualmente, negros andando pilchados, pergunto-me: Porque não andam trajados de Lanceiros Negros, como eles aparecem no filme “Netto Perde Sua Alma”? Valorizariam mais, dessa maneira, a participação de seus antepassados na história do RS.

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CONSTATAÇÃO – Apesar e Triunfo ser a cidade natal de Bento Gonçalves e Charqueadas levar o nome da grande atividade econômica no Rio Grande da época, essa região não trouxe muita sorte aos farroupilhas: morte de José Leão, prisão de Bento Gonçalves na Batalha do Fanfa, morte de Bento ...

Antônio Bacamarte
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 20/09/2007
Alterado em 15/09/2016
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