João Adolfo Guerreiro
Descobrindo a verdade/ sem medo de viver/ A liberdade de escolha/ é a fé que faz crescer.
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Mas bah, tchê, que baita 0x0

O Grenal do último sábado na Arena foi dos melhores que já assisti. Embora esperasse que o Grêmio desse uma sova, algo como uns seis ou sete, digo até que o 0x0 me proporcionou mais gáudio do que as goleadas de 4x1, 5x0 e 3x0 aplicadas na mesma Arena, nos últimos anos, pelo Mosqueteiro sobre o Saci.

Não recordo de o Triocolosso conseguir 76% de posse de bola contra o Colorado num jogo. Mas bah, pareceu uma meia-linha! Na real, foi uma meia-linha! O primeiro volante do time do Beira-Rio foi Leandro Damião. Deu gosto ver o Grêmio tocar a bola e acantonar o Inter como nunca antes tinha visto. Se tivesse ocorrido um tento, seria tão somente um reles 1x0, placar mixuruca. Mas não, o 0x0, o escore nulo, entrou em tamanho contraste com o gigantesco amasso gremista durante os 90 minutos que tornou o match ímpar e inesquecível!

Entretanto, tenho de reconhecer: foi tão pequeno sobre o gramado o Inter que, assim agindo, foi grande, à altura de sua insofismável grandeza histórica. Seu treinador, ao organizar uma retranca como nunca antes vi num clássico, mostrou-se inteligente, conectado com a realidade. Desta forma, conseguiu um hercúleo 0x0 ante um adversário enorme em comparação com sua equipe, garantiu sua permanência no cargo e seu time fora da zona de rebaixamento. Jogando com humildade bravia, não bovina, foi o Inter um vencedor no sábado.

Todavia, devo também assinalar que não foi apenas pelo êxito do treinador colorado e de seus briosos e aplicados jogadores que se conformou esse antológico 0x0. Tivemos a mão (boba) e o apito (inimigo) do acovardado, biltre e gatuno juiz. Não fosse por ele, o Grêmio teria feito pelo menos um gol de pênalti e estragado tudo. Foram três lances: o primeiro, sobre o lateral Bruno Cortês, penalidade clara; o segundo, sobre Luan, não foi nada; e o terceiro, o da mão na bola do zagueiro do Inter, facultativo. Se fosse a favor de Corinthians e Flamengo, ele teria marcado.

Depois desse Grenal, afirmo que o Inter, com esse time e com esse treinador, fica entre os 10 primeiros do Brasileiro. Ou então olhem para a tabela e me mostrem dez equipes melhores que o Inter? Quanto ao Grêmio, o arrasador Grêmio de 2018, quiçá o melhor Grêmio de todos os tempos, vencerá o Brasileiro com folga se o priorizar. E, em dezembro, na revanche contra o Real Madrid, tem condições de escrever uma história diferente daquela do mundial do ano passado.

Finalizando, achei cômico alguns colorados nas redes sociais tocando flauta pelo empate. Ora, a fase é tão ruim que, se sobrou tino ao treinador e combatividade aos atletas, faltou noção à parcela significativa da torcida. A um treinador é meritório guarnecer seu time frente a um adversário muito superior, mas a um torcedor é ridículo gabar-se por tal resultado, ainda mais num clássico ante o maior rival na ponta de cima da tabela, no G4, enquanto seu time está apenas um degrau acima do Z4.

PS 1 – Escrevi esse texto inspirado pela leitura de O Berro Impresso das Manchetes, livro de crônicas esportivas de Nelson Rodrigues, um cronista tão genial quanto Paulo Sant’Ana. Comprei essa maravilha de 540 páginas por míseros 10 reais na Feira do Livro da Livraria Santos, no Bonato Center, em São Jerônimo. Um livro para todo aquele que acha que entende de futebol, como eu e você, obrigatoriamente passar os olhos.
PS 2 – O Tite não levou Luan e Grohe!!!

Texto publicado no site do Jornal Portal de Notícias em 15 de maio de 2018: https://www.portaldenoticias.com.br/ler-coluna/608/mas-bah-que-baita-0x0-tche.html
João Adolfo Guerreiro
Enviado por João Adolfo Guerreiro em 10/07/2018
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