Pois até que enfim, no sábado passado, consegui conferir a nova formação da RockLord, banda de rock’n roll charqueadense, no Muralha, em Charqueadas. Ah, a propósito, não sou sócio da casa nem ganho desconto no restaurante, embora da banda eu seja fã de primeira hora, desde que eles eram um power trio.
Mas então, ia dizendo que fui lá conferir o novo vocalista e o novo guitarrista. Agora eles não são mais um power trio, são cinco, mais pra Power Rangers (eh eh eh eh). Será mesmo?
- Paulinho, manda um rodízio e um chopp de 500 ml (Paulinho, cadê as cevas de litro!!!)!
E vamos ver se o negócio ficou “power” mesmo.
Porque vocês sabem né, tem caras que mexem nas bandas pra melhorar e estragam tudo. Eu confesso que temi que isso acontecesse como a RockLord. Eu nunca ouvira o novo vocalista cantar, não conhecia o cara. Já o novo guitarrista é veterano no pedaço, mais manjado que o Maromba na cena rock da cidade, tocou em tudo o quanto é banda, mais fácil falar onde o Leandro Lacerda ainda não tocou. Destacaria a (grande) Poeira da Estrada e, mais recentemente, a Tramateia, onde ele está muito bem numa banda coesa, que apresenta o melhor repertório rock nacional que eu tenho visto na noite citadina. O fato é que dois guitarristas solo bons não funcionam juntos em tudo que é banda. O Zakk Wylde, por exemplo, foi recusado no Guns porque, ao lado do Slash, fazia muito barulho e o Axl não achava espaço pra cantar. Sério isso, é verdade, pelo menos foi o que o Slash escreveu na biografia dele, mesmo a gente sabendo que o Slash é um cara muito mentiroso.
Bom, a primeira coisa que reparei, claro, foi no vocalista, o Guilherme Carvalho. Acrescentou, com certeza. Na primeira vez que ouvi a Rock Lord, numa noite de maio lá no saudoso Studio Live do Bokão, junto com o também saudoso Tunico, eu igualmente posso hoje confessar que achei necessário um vocalista para banda. Não que o André Miler fosse ruim, mas ele não foi bem naquele dia, cantou gritado demais e deixou as canções melodicamente lineares, na minha opinião. No andar da carruagem, entretanto, em shows posteriores, a coisa mudou, pegou preço e esqueci daquela primeira impressão. Como a banda estava de vocal novo, eu, inversamente, estava agora com medo de não gostar. Vejam só como as pessoas, a gente mesmo, são complicadas, né? Metamorfoses ambulantes!
Então tá, vocalista aprovado, passei a prestar atenção no diálogo das guitarras. Conviveram bem, não se embolaram o André e o Leandro, o diálogo correu legal, tal qual Ron Wood e Keith Richards nos Stones (só entende quem curte rock), dos quais, aliás, eles tocaram duas “das minhas”: Start Me Up e Under My Thumb. Mandaram ver também Led Zeppelin, Pink Floyd, Guns, Kiss, além do material próprio. E aqui eu quero dizer que o som autoral dos caras foi o que me fez colocar eles num lugar privilegiado na minha estante de CD’s (sim, eu ainda compro e escuto CD e, antes que perguntem, vinil também).
A melhor canção deles, a que eu mais gosto, é Xalalalá. Simples e direta no arranjo, na melodia e na letra. Um petardo rock em Bm: “Quero o mar / pra molhar / os meus pés e o céu pra olhar / As estrelas / e as guitarras / que acalmam o meu coração / Grito: - Xa lá lá lá lalalalá / Eu grito: - Xa lá lá lá lá lá lá”. Se a gente tivesse na região uma rádio que rodasse as canções daqui, tenho certeza que ela seria um baita hit local, assim como Milionário de Manhattan (Fúria do Tempo), Nunca Fale de Amor (The Punishers), Homem Ferido (Poeira da Estrada), Me Faz Levitar (Alberto André), Canção do Mar (Luciano Belgrado), Alguém e o Tempo (Luciano Belgrado), Um Homem Fora da lei (Los Rodrigues) e Pra Tocar Raul (Neozine), tenho certeza, o teriam sido, tal qual Forró Estilizado (Voz Ativa) o foi, em sua época, quando até no Fantástico apareceu. Quem não conhece essas canções e quiser conferir, elas estão nos áudios do meu site, www.souzaguerreiro.com.
A versão mais legal de Xalalalá está no Facebook da banda, em https://www.facebook.com/rocklord.ch/videos/1574797876143141/. Outras canções legais deles, que também estão no Face, são Sexy Lady, Dia de Fúria, Tudo Roda, O Valor do Sol, Erros do Passado, Eu Quero Mais é Viver e O Sol Voltou a Brilhar. As composições são todas de André Miler. André Dornelles (baixo) e Gabriel Pacheco (bateria) completam o grupo. Dornelles, inclusive, já foi primeiro colocado numa das mostras Encanto da Terra com canção de sua autoria, Amanhã (também está lá no site).
- Paulinho, traz mais um chopp aí que o som tá muito tri. Ah, mas a de portuguesa ainda não veio, tchê!