Uma das vantagens em residir aqui na Região Carbonífera é estar ao lado de Porto Alegre e a cidade, assim, fazer parte de nosso cotidiano como uma opção cultural e de lazer. Para ir ao cinema, por exemplo. Os três filmes na imagem acima estão em cartaz na capital, todos eles sobre personagens importantes na história filosófica, política e artística do Ocidente.
O alemão Karl Marx, o holandês Vincent Van Gogh e o inglês Winston Churchill foram quase contemporâneos em suas atividades públicas: o primeiro morreu em 1883, o segundo nasceu em 1853 e faleceu em 1890, enquanto o último veio ao mundo em 1874 e se despediu do mesmo em 1965. Assim, por nove anos, entre 1874 e 1883, os três habitaram esse planeta simultaneamente. Marx e Churchill na Inglaterra e Van Gogh na Holanda, nesse período. Marx dificilmente teve conhecimento da existência de Van Gogh e Churchill, mas com certeza estes ouviram falar, à época, do filósofo e economista político. Depois, sem dúvida!
Churchill foi o único que virou o milênio e, por isso, viu o que Marx e Van Gogh quiseram, mas não puderam ver: a revolução comunista pretendida por Karl e a fama dos quadros de Vincent. Do comunismo, Winston foi aliado da URSS durante a II Guerra e opositor político desde sempre, eis que era um liberal conservador; na pintura, como artista amador, produziu belas obras de cunho impressionista, inspirado pelo amigo pintor Paul Maze (considerado “o último dos impressionistas”) e, por certo, um apreciador da arte de Van Gogh, que foi um pós-impressionista contemporâneo ao movimento, assim como Paul Gauguin, com o qual chegou a dividir a famosa Casa Amarela.
Van Gogh travou conhecimento do pensamento de Marx ao morar um tempo numa região mineira onde o movimento operário de matriz socialista era muito ativo, grevista. Mas nunca aderiu a tais ideias, embora tenha optado em retratar e viver entre as camadas pobres. Vincent era filho de um pastor e sobrinho de Cent (que também se chamava Vincent Van Gogh), um ricaço do ramo de posters. Seu irmão, Theo, foi gerente da loja do tio em Paris e sustentava o Vincent sobrinho.
Marx, filho de um advogado e casado com uma aristocrata, foi sustentado por seu amigo Friedrich Engels (filho de um industrial do ramo têxtil) a maior parte de sua vida adulta, tendo em vista que sua atividade política o levou a ser deportado para outros países europeus. Churchill era de família nobre, filho de um lorde e neto de um duque. Seguiu a carreira política, como o pai.
Os filmes não mostram todos esses fatos acima. “O Jovem Karl Marx” aborda o período que vai da expulsão de Marx da Alemanha por seus artigos na Gazeta Renana (1843) até a elaboração do Manifesto Comunista (1848). “Com Amor, Vincent”, uma primorosa animação elaborada a partir de pinturas a óleo de Van Gogh, retrata o ano final de sua vida (1890) e retoma, por cima, parte de seu passado, em flashbacks. “O Destino de Uma Nação” mostra somente a ascensão de Churchill, pela primeira vez, ao cargo de primeiro ministro, justo no período inicial da II Guerra, em maio de 1940.
Eu assisti os três, todos nota 10. Recomendo.
PS – Com Amor, Vincent, pode sair de cartaz nessa semana. Corra ao cinema!